sexta-feira, 6 de Julho de 2012

Entrevista 21: Annie Social


Nasceu Nancy Becker mas é agora mais conhecida como Annie Social, a sua persona no mundo do wrestling. Nunca esteve nas grandes ligas, mas é um dos rostos femininos mais respeitados do circuito independente. Conheça-a!

Texto: Tiago Matos

A inevitável primeira questão: o que a fez juntar-se ao mundo do wrestling?
Entrei no wrestling acidentalmente. Fui descoberta no meu emprego pelo Dan Kowal, ex-promotor da WEW [Women’s Extreme Wrestling]. Ele perguntou-me se eu gostaria de  lutar oleada no seu próximo evento e eu decidi arriscar. Depois de alguns anos a fazer apenas combates em óleo e pequenas interferências, comecei a treinar.

Quem a treinou?
Fui treinada pelo Trent Acid, pelo Johnny Kashmere e pelo Michael Kehner, com muita ajuda dos meus amigos Devon Moore, Teddy Fine e Detox. Também passei algum tempo a treinar no Canadá, com o Ron Hutchison, e no Japão, com o Kaoru Ito.

A sua família apoiou-a nessa nova etapa profissional?
A minha família apoia-me muito em tudo o que faço. Amo-os por isso.

Quais foram as suas principais dificuldades ao dar os primeiros passos na indústria?
Os treinos foram complicados. Mas eventualmente consegui-me adaptar. O wrestling é trabalho árduo.

O que foi mais complicado nesses treinos iniciais? É uma pessoa naturalmente atlética?
Os aspectos físicos dos treinos até eram controláveis, mas durante muito tempo tive problemas em compreender aquilo no seu todo.

No entanto, tem agora uma carreira de 11 anos e, tal como referiu, já trabalhou um pouco por todo o mundo. Algum dia visitou Portugal?
Já trabalhei nos Estados Unidos, Canadá, México, Japão, Espanha, França, Itália, Malta e Ilhas Canárias (Las Palmas e Tenerife), mas nunca fui a Portugal. Adorava ir aí!

Esteve na SHIMMER, na JAPW e na WSU, indiscutivelmente as melhores empresas de wrestling feminino do mundo, mas nunca se juntou às «grandes ligas», como a WWE ou o TNA. É um sonho seu?
A WWE e o TNA não são um «sonho» meu, mas se tivesse uma proposta não diria que não. Apenas gosto de fazer o meu trabalho e me divertir. Não interessa verdadeiramente onde.

Quem são as suas colegas favoritas?
Mia Yim, Kimber Lee, Serena, Sara Del Rey, April Hunter, Gabby Gilbert (ex-Roxie Cotton).

Há aquela ideia que os bastidores do wrestling são um pouco como o recreio da escola. Existem assim tantas provocações e drama nos balneários?
Torna-se realmente dramático e estúpido por vezes, mas isso é o que acontece quando se lida com raparigas. Eu acho que a maior parte das raparigas (mas não todas) são naturalmente provocadoras quando lançadas num grande grupo para competir umas com as outras. Definitivamente não existe camaradagem suficiente entre wrestlers femininas.

Por falar em provocação, a Annie começou por trabalhar numa empresa bastante «provocadora», a Women’s Extreme Wrestling, que combina wrestling com actos sexuais. Fale-nos disso.
A WEW era diferente. Foi divertido. As animadoras sexuais faziam o seu trabalho e as wrestlers o trabalho delas. As duas áreas não se encontravam assim tanto.

Também trabalhou na NWWL [Naked Women’s Wrestling League], na qual as wrestlers tinham de lutar completamente nuas. Foi difícil para si despir-se em frente de todas aquelas pessoas?
Eu venho de um passado de dança exótica, pelo que a nudez não foi um grande problema para mim.

O que a fez aceitar o convite?
Para ser sincera, a NWWL pagava mesmo muito bem, e foram sempre muito simpáticos e respeitadores. Passei um óptimo tempo lá.

Acha que o papel das mulheres no wrestling é predominantemente sexual?
Acho que tudo depende da empresa a que se assiste. Normalmente as mulheres brilham como atletas nas empresas exclusivamente femininas. Em quase todos os outros lugares, são atracções visuais ou as «namoradas» de alguém.

Significa isso que o wrestling é realmente um mundo de homens?
Maioritariamente.

Qual é o maior problema da indústria? Drogas?
Acho que o maior problema da indústria é que as pessoas não se ajudam nem apoiam o suficiente umas às outras. No geral, teríamos menos problemas se nos preocupássemos mais uns com os outros.

O que faz nos seus tempos livres?
[risos] O que são tempos livres? Eu estou sempre a trabalhar.

Tem alguma história com um fã louco que nos queira revelar?
Ainda estou para encontrar um fã louco.

E no ringue? Nenhuma experiência fora do normal?
Até agora tudo tem sido bastante normal.

A Annie foi recentemente uma das protagonistas do filme Kingdom of Hearts, que infelizmente não foi muito bem recebido pela crítica. Ainda assim, ser actriz é algo que está nos seus planos?
Foi muito divertido filmar o Kingdom of Hearts. O papel foi-me oferecido e eu aceitei. Pude trabalhar num local belíssimo, com um fantástico grupo de pessoas. Não pretendo seguir carreira como actriz, mas se algo me voltar a ser oferecido que me pareça divertido, provavelmente faço-o.

Se não fosse wrestler, o que seria?
Teria voltado à escola, para tirar uma licenciatura. Tenho um curso técnico em Estudos Paralegais, pelo que estaria provavelmente a trabalhar numa firma de advogados.

Como se vê em... digamos, 10 anos?
Espero estar, de alguma forma, ainda a trabalhar no wrestling, seja nos bastidores ou a treinar pessoas.


Artigo publicado na edição #11 da Revista 21

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