Aproveitando o recente lançamento do iPhone 5, lembramos alguns dos mais revolucionários telemóveis de sempre.
Texto: Tiago Matos
No início da década de 80, a ideia de telefones portáteis como os que conhecemos hoje pertencia aos filmes de ficção científica. Os maiores desenvolvimentos tecnológicos neste campo encontravam-se sob a forma de enormes telefones de carro ou pesadas malas com o aparelho incrustado no seu interior. Mas o potencial estava lá. Os telefones de carro, em particular, foram bastante populares desde a sua origem, em 1956, com o sueco MTA (um telefone de 40 kg com roda de marcação numérica), e continuaram a dominar as comunicações móveis com marcas como a AEG ou a Motorola mesmo alguns anos após o lançamento dos primeiros telemóveis «actuais», graças aos preços elevados e dificuldades originais inerentes ao funcionamento destes.
DYNATAC 8000X (1983)
Na altura ninguém diria, mas o mundo havia de mudar graças à apresentação do
DynaTAC 8000X pela Motorola. O resultado de 15 anos de pesquisa e mais de 100 milhões de dólares de investimento materializava-se num aparelho feito de plástico, com 33 cm de altura por 4,5 cm de largura e 8,9 cm de espessura. E se as dimensões faziam lembrar um tijolo, o peso também não andava muito longe: 794 gramas. Ainda assim, o 8000X surpreendeu o mercado com a capacidade de memorizar até 30 números e a autonomia de 30 minutos de conversação (à qual correspondia um período de carregamento não inferior a 10 horas). Na altura, o preço rondava os 3995 dólares, valor correspondente, nos dias de hoje, a 6330 euros.
MOTOROLA STARTAC (1996)
Lançado com o rótulo de «mais pequeno telemóvel do mundo», o
StarTAC surgia no seguimento do
MicroTAC (1989) e demonstrava, tal como este, a preocupação da Motorola em inovar na estética, sendo o primeiro telemóvel em formato de concha da História. O seu peso (112 gramas) e dimensões reduzidas (9,8 x 5,7 x 2,3 cm) em relação à concorrência tornaram-no rapidamente líder de mercado e contribuíram em grande escala para a massificação do telefone portátil entre o público, ultrapassando então, em definitivo, os telefones de carro. O StarTAC popularizou ainda duas grandes novidades que viriam a mudar a indústria para sempre: alertas vibratórios em vez de toques sonoros e, em posteriores versões digitais, a capacidade de enviar SMS. Foi introduzido no mercado ao preço de 1000 dólares.
NOKIA 1100 (2003)
Com o novo milénio, os telemóveis começaram gradualmente a incluir progressos como ecrã a cores e câmera fotográfica. No entanto, eram as inovações relativamente simples da finlandesa Nokia que dominavam o mercado. Desde o
7110 (primeiro telemóvel a incluir
browser WAP) ao
3210 (primeiro telemóvel com antena interna), passando pelo «futurista»
9000, muitos foram os modelos populares da marca, mas nenhum ao nível do
1100. Concebido para quem requer apenas funcionalidades básicas (chamadas, SMS, calendário) num formato robusto, o 1100 é o telemóvel mais vendido de sempre, ultrapassando em 8 anos os 250 milhões de unidades.
MOTOROLA RAZR V3 (2004)
Não trouxe grandes novidades a nível tecnológico, mas fez a diferença visualmente, aproveitando a tendência de telemóveis pequenos e com estilo, assumidos acessórios de moda. Quando saiu, compilava todas as funções que se haviam tornado comuns na indústria: câmera fotográfica, reprodução de vídeos e MP3, ecrã a cores (neste caso, exterior e interior) e Bluetooth. Era também o telemóvel mais fino do mundo, com apenas 1,4 cm de espessura. Em quatro anos, vendeu mais de 110 milhões de unidades, marcando uma geração e mostrando que os telemóveis já não eram apenas aparelhos para telefonar.
SAMSUNG I8910 (2009)
Para além de objectos de moda, os telemóveis assumiram-se também, ao longo dos anos, como autênticas máquinas fotográficas. O primeiro telemóvel com câmera foi o
Sharp J-SHO4, em 2001, lançado exclusivamente no Japão, mas rapidamente se seguiram muitos outros, das mais diversas marcas. A câmera VGA, de qualidade limitada, foi aumentando em potência, e em 2006 surgia o
Sony Ericsson K800i, o primeiro telemóvel Cyber-Shot, com uma câmera de 3,2 MP (considerada, na altura, extravagante), capaz de rivalizar com máquinas digitais. A qualidade aumentou tanto e tão depressa que, apenas três anos depois, era lançado o
Samsung i8910. Este, para além de ter uma câmera de 8,1 MP, foi o primeiro telemóvel a poder gravar vídeo em HD. Com ecrã táctil de 3,7”, RAM de 256 MB, memória interna de 8 ou 16 GB e GPS, é um
gadget multi-funções, concebido para um público cada vez mais exigente.
IPHONE 5 (2012)
A palavra
smartphone marca a actualidade. Mais que telefones, os telemóveis são hoje máquinas fotográficas, câmeras de vídeo, leitores de música,
browsers e tudo o que mais se possa fazer com as milhares de aplicações disponíveis. Hoje, ao invés de dimensões, discutem-se processadores e sistemas operativos. De toda a oferta disponível, surge agora o
iPhone 5, da Apple, como referência máxima do telemóvel actual. Com câmera frontal (1,2 MP) e traseira (8 MP) com capacidade para vídeos HD, 16, 32 ou 64 GB de memória interna, teclado virtual via toque e 10 cm de diagonal de ecrã, as diferenças para o modelo antecessor nem são muitas, mas a componente de novidade mantém este iPhone como senhor do mercado, ainda que custe no mínimo € 679,90. Claro que a evolução não pára por aqui e até já se fala num iPhone 6, mas uma coisa é certa: os telemóveis tornaram-se hoje mini-computadores que, só por acaso, também servem para telefonar.
Artigo publicado na edição #14 da Revista 21