sábado, 6 de Outubro de 2012

Juvenal: "Aperta-se-me a alma quando vejo pobrezinhos"


Parte-se-me o coração e aperta-se-me a alma quando vejo pobrezinhos. Um pouco menos de como quando o Ricky falha golos daqueles mais feitos que o rabo dum paneleiro à sexta à saída do Frágil. Às vezes também me dá vontade de vomitar porque os pobrezinhos, além de pobrezinhos, são muito pouco dados à higiene, em particular nos pés e na genitália, contraindo, com frequência, pé-de-atleta, gonorreia e cenas nas pernas que implicam o uso permanente de ligaduras que passam a fazer parte do indivíduo, e depois as pessoas quando passam têm de reter a respiração para não inalar micróbios dos pobres que pululam pela rua e são muito piores que os micróbios dos ricos e atacam a pele, mormente a da cara, muito mais que os cigarros ou o gin e contribuem massivamente para o envelhecimento como a ejaculação. Precoce. Eu sei porque sofro do segundo em quantidades perturbantes. Que perturbam a pessoa, portanto.

Mas eu, que estive um mês sem receber, não abdiquei do banho e da escovagem ocasional dos dentes. Não. E fazia-o todos os dias. Deixei foi de comprar discos e não jantava tantas vezes fora. Que é assim que se poupa. E não no banho. É verdade que são opções e a vida está repleta delas como uma prostituta tailandesa menor e as DSTs, mas há que fazer – e fica aqui a ideia para que alguém, um dia, pegue nela – acções de formação e ensiná-los que o banho é mais importante que o comer. E ainda há uns que, além de não tomar banho, ainda se queixam da fome. Que é outra coisa que também não se percebe. Têm fome, entrem num café e peçam uma sandes de fiambre e um galão e digam «se faz favor» que isso de ser pobre não implica ser mal educado. Eu já o fiz com resultados bastante positivos. Não é muito, mas aconchega e a pessoa sente-se francamente melhor.

Devia haver também uma lei que proibia os pobrezinhos de estarem na rua em horas de maior movimento para as pessoas não sentirem este tipo de coisas. Ou então era metê-los em caixotes ou num armazém e deixava-se que saíssem uma vez por dia mas sempre sob a supervisão de um supervisor. Que além de ser uma figura de estilo, é também mais uma ideia que deixo aqui de borla porque eu tenho bom fundo.

E por fim há uns que são tão preguiçosos que dormem em qualquer sítio em vez de ir para casa como fazem as pessoas normais.

Há que formá-los. Que eu já estive nos países nórdicos e lá os pobrezinhos nem se vêem. Vão a cursos e isso. Cá, a culpa é do Banco Alimentar não aceitar. Desodorizantes e toalhetes, que dão sempre jeito para um gajo limpar o cu, nem vê-los. É só latas de atum e feijão.

Por: Juvenal


Crónica publicada na edição #14 da Revista 21

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