sexta-feira, 15 de Junho de 2012

Inventado cannabis que não dá pedrada


«Da cannabis já se disse tudo. Ou quase tudo: a risonha erva que enfeitou toda a arte flower power dos anos 60 e alimenta – às vezes de forma excessiva e perigosa – o imaginário de algum colectivo nos tempos que correm, acaba de ganhar novas funções.

Quem o diz não são propriamente hippies anacrónicos, parados no Verão do Amor de 1967, mas cientistas da Universidade Hebraica de Jerusalém (Israel). A cannabis sativa já era conhecida pelas propriedades mitigadoras da dor em doentes terminais, entre outros efeitos benéficos.

Mas o que este grupo de investigadores traz de novo é uma espécie de ponto final às desculpas para não a usar para fins terapêuticos. Conseguiram "retirar-lhe" a substância THC, ou seja, aquela que nos altera o cérebro e nos leva a paragens mais psicadélicas. Ou seja, numa expressão mais simples, neutralizaram a "pedrada" que a erva oferece. De acordo com Ruth Gallily, a coordenadora da experiência, os resultados permitem ainda isolar e tornar mais eficaz outra substância da planta, o canabidiol (CBD), esta sim, com propriedades excelentes para tratamentos de algumas doenças.

E é precisamente neste ponto que se chega à segunda novidade do estudo: o grupo testou então esta cannabis alterada em ratinhos e concluiu que o CBD fez diminuir entre os pequenos roedores de laboratório a taxa de mortalidade em doenças como a artrite reumatóide, a doença de Crohn e até a diabetes. Neste último caso, o índice de sucesso destes primeiros testes chegou a ser de 60%. Nos outros casos, explica Gallily, num futuro próximo "o uso da cannabis pode ter efeitos maravilhosos e melhorar a qualidade de vida de pacientes idosos que sofrem de artrite reumatóide".

Mais vantagens? "Medicamentos à base de CBD seriam muito mais baratos que os convencionais para tratar destas doenças", continua a investigadora. Por isso, o Ministério da Saúde israelita já concedeu a licença a uma empresa para plantar este tipo de cannabis em estufas da Galileia, a Norte do país. A primeira colheita já se realizou e foi mostrada recentemente ao público. Por fora, a planta parece uma velha conhecida. Por dentro, a ciência tirou uma pedra do caminho, como já dizia o poeta.»

Ler no Sol.

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