PEEPASHOW
Ficha Técnica
Texto e Encenação: Afonso Guerreiro
Intérpretes: Lucila Pereira, António Olaio, João DaCosta
Teatro Extremo
Rua Serpa Pinto, 16, Almada
8, 9, 15 e 16 de Junho - 21h30
Preço: 5,00 €
Reservas de Bilhetes
212 723 660 | 965 044 016 | 964 503 382
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Descrevem-se como um espectáculo de cabaret burlesco ao jeito de Revista-Punk-à-Portuguesa, com uns pozinhos de brejeiro, erótico, satírico, rebarbativo e irónico. Mas o que quer isto realmente dizer?
Comecemos pelo princípio: é uma peça de teatro? Sim e não. Desde logo porque é uma produção da Arena de Feras, com actores amadores e uma grande vontade de inovar, chocar e desafiar o conceito tradicional de teatro. O tema central é o corpo. Aliás, o único tema é o corpo, já que a peça não é uma história estruturada, mas sim um desabafo gritado de saberes e estatísticas sobre as várias partes da anatomia feminina, dos pés à cabeça, sempre acompanhado de uma batida de música alta e dançável.
Em palco estão dois actores: uma showgirl, interpretada pela extremamente sensual - e sexual - Lucila Pereira, e um locutor, que nos espectáculos de sexta é António Olaio e nos de sábado é João DaCosta. Estivemos presentes na estreia de ontem, pelo que não podemos comentar a interpretação deste último, mas os dois primeiros desempenharam de modo bastante positivo os seus loucos e exagerados papéis. Especialmente a jovem actriz, que tem porventura a tarefa mais difícil, já que passa uma hora a dançar, a meter-se com o público, a recitar profanidades em italiano, a rebolar-se no chão em simulações sexuais... É ela «o corpo» para o qual os nossos olhos se deslocam, e apesar de ter sido evidente o seu nervosismo na noite de estreia, é também inevitável vê-la como a grande chave do seu sucesso.
O cenário é negro e bastante simples, e os adereços utilizados também não são muito elaborados, o que se adequa na perfeição ao «alternativo» da coisa. Mas isso não significa que tudo seja perfeito. A verdade é que o espectáculo arrisca muito, e nem sempre acerta. São referidos demasiados pormenores anatómicos desinteressantes, que apenas têm como disfarce o ritmo alucinante da peça, mostrando que o texto será provavelmente o ponto menos conseguido da produção. Também se incluem demasiados «actores disfarçados» (os famosos shills) para uma audiência tão pequena. E o final, ainda que criativo, é algo constrangedor, incapaz de fluir com a mesma naturalidade do resto do espectáculo.
Ainda assim, continua a ser uma peça a não perder, uma reminiscência de Rocky Horror Show, para quem procura uma experiência diferente. Até porque é disso mesmo que se trata. Mais que uma simples peça de teatro é uma experiência, algo que se sente na pele. Vai perceber do que estamos a falar quando for borrifado por Chanel N.º 5 na primeira fila da plateia, ao som de gemidos pertencentes a outros mundos.
Texto: Tiago Matos
Fotografias: Oficiais (José Maria Frade)
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