A edição #06 da Revista 21 trouxe, em jeito de presente, mais uma aventura sexual... feita para três. Recorde-a nas palavras abaixo.
Texto: Maria Waddington
Por esta altura, já todos os meus amigos sabem que sou responsável pela rubrica de Sexo da Revista 21. Chegam-me, por isso, com maior frequência que antes, histórias da índole íntima de cada um. Na tentativa de me facilitar o trabalho, arranjam um ouvido para desabafar. E todos ganham no processo. Como é natural, por vezes pedem-me para utilizar um nome falso ou para esconder o pormenor X ou Y, mas o que importa aqui realçar é que já não sou eu a ir ter com as histórias. São elas que vêm ter comigo, como presentes atrasados da quadra natalícia.
Aproveitando a deixa, foi isso mesmo que aconteceu quando me encontrei com a minha amiga Sofia, nos primeiros dias do ano. Conheço-a desde a infância e é já quase uma tradição trocarmos presentes «à espanhola», ou seja, perto do Dia de Reis, quando ela regressa a Lisboa, vinda da terra que a viu nascer. Este ano comprei-lhe um perfume. Ela tinha, contudo, algo um pouco mais especial para partilhar comigo.
Encontrei-a especialmente animada e bem-disposta. A história queimava-lhe a língua. Algo a ver com um presente que tinha recebido no Natal. Após um curto jogo de «Vá lá, conta lá…», decidiu-se a fazê-lo. Mas antes, talvez seja necessária uma breve contextualização: a Sofia tinha conhecido um homem interessante chamado Miguel. Viviam sem compromissos. «Quando dá, estamos juntos», era o que ela costumava dizer. No seu regresso a Lisboa, foi ele a primeira pessoa que ela quis ver. Mas, ao telemóvel, ele disse-lhe que não ia sozinho ter com ela, e que a cama estaria cheia. A Sofia diz-me que não ligou muito a isso. «Ele conhece-me muito bem e já costumava brincar com essas coisas. Pensei que fosse apenas brincadeira, mas…»
«Mas» foi a palavra que ficou no ar. «Mas» Sofia não esperava que, quando abrisse a porta, o seu Miguel estivesse acompanhado por outro homem. «Era o Luís. Já o tinha visto antes, costumávamos falar.» A surpresa não lhe agradou desde logo. Parecia-lhe que a nova presença significava que não poderia matar saudades do Miguel da forma que desejava. Estava errada. E não o percebeu nem mesmo quando este lhe sussurrou ao ouvido: «Hoje é em francês!» Só quando mais tarde se viu despida junto aos dois homens associou a mensagem à célebre expressão «ménage à trois».
ACÇÃO A TRÊS
Tudo começou com beijos e abraços. Depois deitaram-se os três na cama. «O Luís beijava-me o corpo todo. O Miguel começou-me a lamber. Oral.» Perguntei-lhe de que mais se recordava. «Do cheiro. Todo o quarto cheirava a sexo. Dos corpos quentes. Pouco depois, o Luís pôs o preservativo e penetrou-me. Fiquei doida!» E como a festa era a três, agarrou-se ao órgão de Miguel até ao orgasmo. «Não sei se lhe queria agradecer pela surpresa, mas a verdade é que nunca me soube tão bem chupá-lo. E chegámos os três ao orgasmo quase ao mesmo tempo.»
E depois? «Fizemos uma pausa. Mas o Miguel começou outra vez a beijar-me, a tocar-me, a apalpar-me o rabo e as mamas.» Não tardou até se tornarem novamente carícias a quatro mãos. «Pouco depois estava eu de quatro a ser comida pelo Miguel enquanto “dava asas à minha língua” no corpo do Luís. Depois trocaram. O Luís voltou a penetrar-me e fiquei sozinha na cama com ele enquanto o Miguel abriu a porta que dá acesso à marquise e foi fumar um cigarro. Lembro-me que ele disse qualquer coisa como: “Dá-lhe com muita força, que é assim que ela gosta!» E ele obedeceu. Rápido e intenso, até a dorzinha que sentia me levar a um orgasmo tão violento que perdi as forças por momentos.»
Sofia estava dormente, mas a experiência não terminaria ali. «O Luís saiu do quarto para beber água, e eu aproveitei o facto de estar sozinha com o Miguel para lhe agradecer o presente.» Quando Luís regressou, Sofia estava em cima do companheiro. Ambos gritavam: «Vá, menino, mostra o que gostas», «Tu és tão boa, pequenina!» Enquanto Sofia «cavalgava», Luís aproveitou para acariciar as suas mamas. Ficou a assistir enquanto o casal chegava a um último orgasmo. Sim, porque à terceira é de vez, «O cansaço já se fazia sentir», e a acção ficou mesmo por ali.
O DIA SEGUINTE
«Da forma que contei até parece que foi uma coisa rápida, mas estivemos quase quatro horas naquilo», diz-me, orgulhosa. «Senti-me como num rodízio. Ter dois homens na cama faz-nos sentir umas divas, umas especialistas do sexo.» E depois? «Demorei, mas adormeci entre os dois. Não estava habituada a dormir num espaço tão pequeno. E só quando acordei entre eles é que me mentalizei que aquilo tinha mesmo acontecido, porque até lá parecia-me um sonho.»
Na verdade, o sentido da questão era outro: e no dia seguinte? Remorsos? Arrependimentos? «Sabes que não sou disso!», assegura-me ela. «A vida é para ser vivida. Só se vive uma vez.» E como ficou a relação com o companheiro? «Já voltámos a estar juntos. Perguntei-lhe de onde surgiu a ideia e falámos no assunto, sem vergonhas, sem constrangimentos.»
Ainda assim, e apesar de se ter posto a hipótese, Sofia confessa não pretender repetir a experiência. «Uma vez chega, senão perde-se o encanto e torna-se corriqueiro.» Parece segura do que diz, por isso não insisto. Termina com humor, recordando uma expressão que a sua avó não se cansava de repetir quando Sofia era miúda e se recusava a ir à missa. «Três é a conta que Deus fez.» Só que aqui a oração foi outra.
Artigo publicado na edição #06 da Revista 21
0 comentários:
Enviar um comentário