Título Anna Karenina
Autor Leão Tolstoi
Edição Publicações Europa-América
Título Original Анна Каренина
Tradução João Neto
Género Clássico/Drama/Romance
Páginas 872 | PVP 38,62 €
Ano 2009 | Original 1877
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Autor Leão Tolstoi
Edição Publicações Europa-América
Título Original Анна Каренина
Tradução João Neto
Género Clássico/Drama/Romance
Páginas 872 | PVP 38,62 €
Ano 2009 | Original 1877
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SINOPSE
Por entre o frio de Moscovo e as neblinas geladas de São Petersburgo, uma história de amor imortal que nasce com um simples olhar. Uma paixão trágica que tudo abandona para se dedicar ao amor de um único homem. Uma heroína tão intensa e comovedora como Madame Bovary e a Dama das Camélias, que eternizou o nome de Leão Tolstoi colocando-o na galeria dos grandes génios da literatura universal.
SOBRE O AUTOR
Um dos mais influentes escritores de sempre e, junto com Fiódor Dostoiévski, o grande mestre da literatura russa do século XIX, Leão Tolstoi (também conhecido como Lev ou Léon) tem como principais obras os clássicos Guerra e Paz e Anna Karenina.
OPINIÃO
É uma tarefa ingrata a de criticar um livro como Anna Karenina. De uma obra inúmeras vezes eleita a melhor de sempre e que o próprio Dostoiévski considerou perfeita não resta muito a dizer a não ser que em boa hora uma certa alminha lá nas Inglaterras a decidiu readaptar ao grande ecrã. Não por ter daí resultado um filme extraordinário (que não resultou, ainda que não seja mau), mas por ter aguçado a curiosidade a quem, como eu, nunca antes tinha lido o grande livro no qual foi baseado.
E porque é preciso começar por algum lado, «grande» é a palavra certa para o definir. Com quase 900 páginas, não é, de forma alguma, livro para meninos de escola. Se bem que até podia ser, porque não é um livro difícil de ler. À boa maneira dos grandes nomes russos, Tolstoi conduz a narrativa com uma maestria que poucos podem ambicionar, fazendo da simplicidade linguística a sua ferramenta de eleição e nunca deixando as filosofias (que livros desta dimensão não podem evitar) sobrepôr-se às personagens ou à história que é contada.
Esta centra-se na figura de Ana Karenina, uma bela (mas inconstante e imperfeita) russa que, apesar de bem casada, se deixa encantar por outro homem. Claro que não se resume a isto. São tantos os personagens e pontos de vista da trama que sentimos conhecer, mais que as vidas de um ou outro, a vida de uma época inteira. Todos têm arcos específicos e problemas a enfrentar, daí resultando que todos soam especialmente verdadeiros. Aliás, não há como os clássicos russos para retratar a realidade tal como ela é.
Para além de Ana, são particularmente interessantes as figuras de Vronski, Alexei Karenin (desde que se decide a reagir) e, acima de todos, pelo menos na opinião deste leitor, o magnífico Constantino Levine, que Tolstoi terá baseado em si próprio. Kitty, Sérgio, Veslovsky e o pequeno Seryozha são outros que ficam na memória. O escritor russo vai saltando da cabeça de um para outro e nós com ele, suportados por um estilo de narração omnisciente (inexplicavelmente pouco adoptado nos dias de hoje) que confere total liberdade à exploração da história.
De resto, é curioso verificar que Tolstoi não respeita em Anna Karenina algumas das regras que hoje se dizem básicas para escrever um bom livro. Os personagens centrais não são apresentados nas primeiras páginas (nem sequer nos primeiros capítulos), permitem-se divagações e opiniões pessoais, dividem-se as cenas em inúmeros capítulos (cada qual tendo, em média, entre três e cinco páginas). Pode-se pensar que é preciso um grande talento para transgredir estas regras com sucesso ou até que esta coisa das regras de escrita não tem razão de ser, mas poucos leitores terão coragem (ou burrice) de achar que Anna Karenina sai prejudicado por isso.
Existem, é certo, passagens menos cativantes, como a reflexão sobre os métodos laborais na agricultura russa do século XIX ou a cena do casamento (não revelarei de quem para não estragar surpresas), mas no geral a sensação com que se fica quando se termina é a de que acabámos de ler algo especial e às tantas até damos por nós a pensar porque raio é que aquele Tolstoi só fez isto com oitocentas e tal páginas. É a marca de um grande livro, que em boa hora as Publicações Europa-América decidiram reeditar, aproveitando a onda de clássicos que, a reboque ou não do cinema, têm chegado de cara nova às livrarias. A edição de capa dura faz jus à obra e a revisão está bastante boa (à excepção de erros como os da página 576, na qual se repete uma série de linhas). Mas claro, o melhor é mesmo comprar o livro e comprovar por si próprio.
Texto: Tiago Matos
Artigo publicado na edição #19 da Revista 21
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