sexta-feira, 3 de Agosto de 2012

Televisão americana edita Jogos Olímpicos


«Milhões de norte-americanos não viram um dos momentos mais dramáticos dos Jogos Olímpicos de Londres, porque a NBC não mostrou. A queda da russa Ksenia Afanasyeva na decisão da competição por equipas de ginástica artística e as expressões de desespero das suas companheiras ao ver que tinham perdido a medalha de ouro foi cortada da transmissão em diferido da estação. O falhanço de Afanasyeva abria caminho à vitória dos Estados Unidos, pelo que a «edição» foi vista como uma estratégia para manter o suspense junto dos espectadores. Este é só um de muitos episódios que têm rodeado de polémica a transmissão olímpica da NBC.

A Internet tem sido a pior inimiga da cadeia de televisão, que optou por não fazer transmissões em direto da jornada olímpica, mas concentrar as emissões em horário nobre e, portanto, em diferido. No Twitter há grupos dedicados a denunciar e criticar as gaffes da estação, com hashtags como #nbcfail ou #nbcstinks. Numa altura em que muita gente está permanentemente online, a transmissão de um evento da dimensão dos Jogos Olímpicos em diferido é claramente ultrapassada pelos acontecimentos e pela perceção das pessoas.

Começou logo pela cerimónia de abertura, que só três horas e meia depois do seu início real na transmissão na costa Leste dos Estados Unidos. Na costa Oeste foi ainda mais tarde. A decisão foi recebida com indignação por muita gente nos Estados Unidos e estendeu-se às redes sociais. Teve uma consequência maior, que envolveu o correspondente do jornal Independent em Los Angeles. Guy Adams escreveu uma série de tweets irados com a decisão, num dos quais publicou o e-mail do presidente da NBC. O Twitter suspendeu a sua conta, alegando que tinha desrespeitado as regras com a publicação do e-mail e, ao fim de vários dias de intensa polémica, acabou por reativar a conta, com um pedido de desculpas.

Da cerimónia de abertura saíram várias munições para os críticos. Os comentadores da NBC mostraram não saber quem era Tim Berners-Lee, o inventor da World Wide Web. "Se não o conhecem, nós também não", disseram. Depois, a estação cortou da emissão uma parte da cerimónia dedicada a homenagear as vítimas dos atentados terroristas de Londres em 2005.

A própria NBC deu tiros nos pés. Transmitiu, por exemplo, uma promoção a dar os parabéns à nadadora Missy Franklin, por ter ganho o ouro, antes de transmitir a própria prova que ela venceu. Por isso, acabou por emitir um pedido oficial de desculpas "a quem não sabia ainda o resultado".

Depois, a estação tem uma aplicação para plataformas móveis que, essa sim, se propõe transmitir os Jogos Olímpicos live. Mas nem essa parece estar a ser em tempo real. Um jornalista do LA Times conta que estava a ver a prova dos 200 metros mariposa de Michael Phelps e recebeu, quando faltavam 50 metros, um alerta com o resultado.

A propósito de Phelps, nem Barack Obama escapou a uma piada. O presidente norte-americani enviou uma mensagem de parabéns pelas 19 medalhas olímpicas ao nadador vi Twitter. Mas fê-lo enquanto decorria a transmissão em diferido na NBC. "Uh, isso foi há uma data de horas, presidente", respondeu um utilizador, Thomas Lewis: "A NBC está a embaraçar o país."

No meio disto, a NBC garante que não está nada preocupada. Aliás, a estação anunciou nesta quarta-feira que se prepara para equilibrar as contas olímpicas, entre custos da compra dos direitos e receitas de publicidade. Já fez mais de 1,2 em publicidade, bem acima das expectativas e dos 850 milhões que renderam os Jogos Olímpicos de Pequim, há quatro anos. "Sentimo-nos muito bem. Os números estão muito melhor do que previmos", diz Steve Burke, diretor-executivo da estação de televisão.»

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