Regressam os infectados e as criaturas que se escondem em cantos obscuros. Regressam os agentes e as conspirações governamentais. Regressa uma das mais populares sagas de videojogos de sempre. Em Resident Evil: Revelations, despertam novas emoções no terror habitual.
Texto: Tiago Matos
Se é verdade que os videojogos estão cada vez mais parecidos com filmes, também os há que se assemelham em quase tudo a séries de televisão. Resident Evil: Revelations, o título que marca o retorno de uma das principais sagas de survival horror de sempre, é um dos mais flagrantes exemplos disto, até pelo facto de cada episódio no qual se divide a narrativa ser iniciado com um compacto de imagens dos episódios anteriores. A aposta nesta estrutura revelou-se bastante acertada, permitindo assimilar as novidades criativas da história com relativa facilidade, até para quem não jogou a qualquer dos mais recentes títulos da saga.
Longe vai o tempo dos zombies que se moviam lentos – mas perigosos – pelas ruas de Racoon City. Os inimigos são agora criaturas mutantes – muito pouco diversificadas, por sinal – de maior velocidade mas inferior resistência. Os protagonistas originais da série, por outro lado, mantêm-se envolvidos no enredo. Saltamos do controlo de uns para os outros, consoante o cenário. Tendo por missão encontrar os agentes Chris Redfield e Jessica Sherawat, a sempre cativante Jill Valentine e o seu novo parceiro, Parker Luciani, acabam por se tornar prisioneiros no majestoso Queen Zenobia, um navio apinhado de criaturas infectadas pelo vírus T-Abyss. O que de início parece uma simples missão de sobrevivência acaba, contudo, por se revelar parte de uma grande conspiração.
Os jogadores mais impacientes terão de início alguma dificuldade em deixar-se levar por Resident Evil: Revelations. As primeiras cenas, em particular, são algo monótonas, ainda que bem sucedidas no aspecto sombrio. É-nos essencialmente ensinado a não desperdiçar balas e a utilizar um aparelho capaz de medir mutações. Isto à ténue luz de uma lanterna que em nada ajuda à visibilidade. Os gráficos do jogo são, aliás, um pouco grosseiros. Competentes, mas muito aquém do que se faz hoje em dia, especialmente quando estamos feridos e o ecrã se rodeia de sangue. Claustrofóbico? Sem dúvida. Mas também visualmente confuso.
A jogabilidade é, no geral, interessante, incorporando comandos fáceis de assimilar. Já os conflitos armados com os mutantes têm os seus altos e baixos. Conseguem ser extremamente divertidos em episódios de maior acção, como por exemplo o terceiro, com Parker Luciani a devastar um edifício cheio de monstros com o seu impressionante arsenal. Já nos episódios em que as armas e balas escasseiam, seria positivo se pudéssemos contar com mais apoio por parte dos nossos parceiros. Os seus tiros parecem ter muito pouco efeito nos inimigos, e estes apenas nos atacam a nós, nunca a eles. Também é difícil compreender por que razão ficamos incapazes de efectuar ataques físicos quando nos tiram as armas. Em todo o caso, a acção de Resident Evil: Revelations é de survival horror puro, integrando uma série de puzzles capazes de agradar aos fãs dos primeiros jogos da saga.
Resident Evil: Revelations disponibiliza ainda uma série de opções on-line, permitindo inclusive jogar em modo de cooperação, mas será certamente na carreira individual que a maioria dos jogadores preferirá passar o seu tempo. Com uma estrutura interessante e um ambiente perturbador e sombrio, é certo que o jogo não é tudo aquilo que poderia ser, mas não deixa de assinalar uma importante evolução quando comparado com os mais recentes lançamentos da série.
RESIDENT EVIL: REVELATIONS
Para: Playstation 3, Xbox 360, Wii U, Nintendo 3DS e PC
GRÁFICOS: 7
Um pouco aquém dos padrões actuais, tanto pela grosseria de algumas texturas como pela falta de variedade nos inimigos. O formato encontrado para nos avisar que estamos feridos também não parece ser o mais correcto, já que torna o ecrã visualmente confuso.
SOM: 8
Não sendo um jogo que faz do aspecto sonoro o seu principal trunfo, há que assinalar que os diálogos são competentes e a banda sonora suficientemente sombria.
JOGABILIDADE: 8
Controlos fáceis de aprender e assimilar. É ainda muito interessante experimentar as várias armas disponíveis. A categoria peca apenas por algumas decisões mais incompreensíveis, como o facto de perdermos a habilidade de atacar fisicamente um inimigo quando estamos desprovidos de armas.
INOVAÇÃO: 8
Se os mais recentes títulos da saga Resident Evil se focaram essencialmente na acção, Resident Evil: Revelations retorna com sucesso ao survival horror, adicionando-lhe uma boa dose de puzzles. Fica a faltar uma inteligência artificial mais «qualificada».
REPLAY: 7
O modo de carreira é suficientemente longo, e o jogo incorpora ainda novos elementos de multiplayer (ainda que infelizmente apenas estejam acessíveis on-line) e um modo de dificuldade que torna o desafio quase impossível de terminar. No geral, os jogadores de Resident Evil sabem ao que vão, e não ficarão desiludidos com este título.
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