sábado, 21 de Dezembro de 2013

Entrevista 21: Cláudia Teixeira


Chama-se Cláudia Teixeira, mora em Custóias, Matosinhos, e foi capa da edição #07 da Revista 21, protagonizando no seu interior um ensaio expressivo e delicado, da autoria de David Simões (o mesmo que fotografou Rita Garcia para a edição #04), na área do nu artístico. Conheça um pouco mais sobre ela no discurso directo reproduzido abaixo. 

Por: Tiago Matos
Fotografia: David Simões

Quando me olho ao espelho, vejo...
Alguém que adora aproveitar as pequenas coisas da vida e fazer delas momentos inesquecíveis. De sorriso fácil, olhar curioso e teimosia q.b. Considero-me uma alma inquieta… Ora sou doce, ora sou amarga. Não acredito em meios-termos: ou é ou não é, ou toca ou não toca. Cada um tem de mim exactamente aquilo que cativou, pois como dizia Vinicius, «a vida só se dá para quem se deu». Eu sou assim: «Meio mulher, meio criança. Uma confusão de verdades e mistérios dentro de um coração que só sabe amar.» Clarice Lispector.

Tenho como principal ambição...
Ser fiel a mim mesma. Afirmar os meus valores, as minhas vontades e as minhas crenças. Superar-me a mim própria a cada dia que passa de forma a conhecer-me verdadeiramente. «Gnosei seauton». Só assim serei plenamente feliz e poderei partilhar com aqueles que amo esta mesma felicidade.

A minha maior conquista até hoje...
É ter tudo aquilo que tenho. A minha casa, a minha independência, o meu trabalho, as pessoas que amo sempre por perto. Olhando em meu redor não me posso queixar da vida que tive até agora, seria hipocrisia de minha parte. Mas também tenho noção que já fui posta à prova, como muitas outras pessoas, e fui confrontada com situações que nunca imaginei para mim. Hoje agradeço ter passado por todas. Aprendi, cresci e, acima de tudo, sei agora dar valor ao que é verdadeiramente importante. Nunca baixei os braços a nenhuma delas, e claro que tive apoio das pessoas que mais amo neste mundo mas hoje sou quem sou porque nunca me conformei, fui sempre à luta, e para mim isto é uma conquista diária.

Na música...
Pearl Jam, James, Dave Mathews Band... «Nothingman» e «Sometimes» são as minhas músicas.

Nas letras...
Fernando Pessoa.

No cinema...
Eat Pray Love, pela altura em que saiu, pela história e pela mensagem que me deu.

O grande problema da sociedade é...
São muitos! Mas aqueles que mais me irritam são sem dúvida o conformismo e a falta de respeito. Vivemos numa sociedade em que todos reclamam mas não agem. Deixam-se ficar, dia após dia, a ser corrompidos por este mal-estar, porque é mais fácil criticar do que agir. Falta determinação, valores, coerência com o que se diz e o que se faz. Quanto à falta de respeito, advém do individualismo e egoísmo exacerbado que existe no Homem de hoje. Hoje em dia vivemos numa sociedade em que o Homem se preocupa mais com os objectos materiais do que com aquilo que o rodeia. Esbanja-se aparência sem conteúdo, sem forma… Vivemos numa sociedade que está cada vez mais alienada à superficialidade.

Não há nada mais sensual que...
O toque. A capacidade que algumas pessoas têm de saber usá-lo e em que momento o devem fazer. É quando sentimos o tal friozinho na barriga…

Poucos o sabem sobre mim, mas...
Já alguém deu umas valentes gargalhadas ao ver-me passear uma cabra de trela pela praia. Chamava-se Frinchas e pertencia ao café onde trabalhava no Verão. Adorava-a, e fazia-o com enorme prazer. Para acrescentar a este meu lado… vá, digamos… esquisito, tenho um bico de um lápis espetado na perna desde os meus sete anos, uma companhia que foi ficando e já faz parte de mim. Para acabar em grande, sou um achado ecográfico. Segundo carta do Sr. Doutor, tenho um duplo rim. Pronto, considerem-me o que quiserem.

A nudez é...
A forma mais singela e pura em que o ser humano se pode apresentar. Encaro-a como uma relação bonita entre o corpo e o seu dono, e só assim se pode apreciar verdadeiramente a essência da beleza de alguém. Há pormenores que, quando descobertos, são verdadeiramente inesquecíveis: uma linha corporal, uma marca, por exemplo. A muitos faz uma certa confusão esta exposição, mas defendo que a maldade está nos olhos de quem a vê.

Ser capa da Revista 21 é...
Uma experiência nova que, como qualquer outra, me vai dar a oportunidade de conhecer um mundo à parte, até agora desconhecido. É mais uma prova que me imponho e obviamente um orgulho. Adorei o ensaio, senti-me desde logo completamente à vontade. Para isto foi necessária a simpatia e profissionalismo tanto da Gisela como do David. O ambiente foi de diversão, partilha e muito bom humor.

No futuro pretendo...
Criar condições para ter o maior privilégio que foi concedido à mulher: engravidar. Podia dizer mil e umas coisas, mas sinceramente tenho tudo aquilo que desejo e necessito para ser feliz: uma família que amo e me faz sentir a pessoa mais sortuda deste mundo só por existirem, amigos que me acompanham a cada passo da minha vida e me ajudam a ser todos os dias uma pessoa melhor, e como não podia deixar de ser, um cão, o Mookie, que me faz ser amante incondicional dos animais e acreditar cada vez mais que temos muito a aprender com eles. Vemo-nos por aí, no meio desta cidade tão peculiar, seja a dançar, a passear pela singular Rua de Santa Catarina, no metro, num cinema próximo de si, a trabalhar… a viver!

Aproveito ainda para dizer que...
Nunca hesitei em aceitar este desafio, pois confio plenamente no trabalho da minha amiga e profissionalíssima Gisela Nunes, e no do David também. Agradeço-lhes por esta oportunidade nova que me deram. Espero que gostem da minha performance, mas acima de tudo saibam que o fiz com muito gozo e espontaneidade. Visitem o Atelier de Make-Up da Gisela e surpreendam-se com este furacão! E claro está, estejam atentos ao contínuo trabalho fantástico do David Simões!


Entrevista publicada na edição #07 da Revista 21

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