sábado, 12 de Outubro de 2013

Loucuras de Ano Novo


Ano novo, vida nova! Será mesmo? Andreia nunca acreditou muito nessa história. Mas a sua maior aventura acabou por acontecer na noite mais longa do ano!

Texto: Maria Waddington

Um virar de página. Era assim que Andreia apelidava as passagens de ano. Enterrar certos parágrafos, iniciar outros e continuar a escrever os que ficaram em ponto e vírgula. Mas a passagem para 2010 seria diferente. Depois de muitas mudanças na sua vida, Andreia começara a encará-la de outra forma. Um acidente de automóvel que quase lhe roubou a vida fê-la abrir os olhos e mudar a forma como via o mundo. Mas não a fez desistir. Acabou a licenciatura, mudou de cidade e de país. Foi viver para Madrid e começou a trabalhar naquilo que sempre quis. Só vinha uns dias a Lisboa para estar com a família e amigos. Chegou no final de Dezembro, num voo atrasado, quase 12 horas após o previsto, e regressaria já num novo ano. Mal aterrou, o telemóvel não parou de tocar. Amigos daqui, conhecidos dali. Todos contavam com ela para a festa de final de ano. «Não sabia como, em tão pouco tempo, ia conseguir estar com tanta gente. O tempo era tão pouco e todos sabemos que passa a voar...», afirma. Mas depois de quase ter morrido, aproveitava a vida de outra forma e queria uma passagem de ano especial. «Depois do acidente, o meu lema de vida passou a ser: “Só se vive uma vez!” Normalmente costumava ficar apenas com a família, mas desta vez queria algo diferente...» E acabaria mesmo por o conseguir.

MERGULHO A NU
Andreia não perdeu tempo. Café aqui, chá ali, e de Lisboa rumou ao Algarve. «Fui-me encontrar com uns amigos que lá estavam numa casa alugada!» No último dia do ano, a noite começou cedo. Cabeleireiro. Jantar. Depois foram festejar para a rua. Depois de muitos dias frios em Madrid, Andreia recorda a óptima temperatura que estava no Algarve. Recorda também com carinho o seu grupo de amigos. «Eram apenas os amigos mais próximos. Começámos com um grupo grande, mas fomo-nos reduzindo. A maioria tinha algo combinado, e acabámos por ficar só com o grupo do costume.» O «grupo do costume» resumia-se a cerca de dez pessoas. Andreia recusa-se a referir nomes ou sequer a identificar o número exacto, preferindo apenas afirmar que «não eram mais de dez». Conheciam-se desde os primeiros dias de faculdade. Depois de algumas horas pelas ruas algarvias e muitos mililitros de álcool no sangue, a temperatura aqueceu e foram para a praia. E do grupo, alguém lançou para o ar, em jeito de desafio, a sugestão: «Vamos começar o ano com um mergulho nus!» A ideia não pareceu, na altura, criar raízes no grupo. Mas quando soaram as doze badaladas, molharam realmente os pés. E a ideia do mergulho sem roupa não estava esquecida. «Ele falou de novo naquilo. Em condições normais eu não o faria, claro, mas como já estava muito “alegre” e a temperatura estava óptima, não soube dizer que não!» Andreia foi, aliás, a primeira rapariga a despir-se. Tirou o vestido, o soutien e, pouco depois, estava nua. Os outros acompanharam-na. Quando se aperceberam, estavam todos – ou quase todos – nus, com o fogo-de-artifício a rebentar no céu. «Foi uma sensação excelente. E sim, foi interessante ver o corpo deles, porque na verdade nunca os tinha observado daquela forma. Mas para ser sincera, e apesar de poder parecer estúpido, estava mais preocupada na altura com a possibilidade de não encontrar a roupa depois!» Tudo acabou por correr bem. Mas a maior festa estava ainda para vir.

UMA ORGIA DE ANO NOVO
«Nem sei descrever. Acho que estávamos agitados, malucos, quase perturbados. É a única coisa que posso dizer. O álcool não é desculpa. Aquela cena de nudismo na praia criou, de facto, muitas imagens nas nossas cabeças.» A aventura começou quando voltaram à casa que tinham alugado. Mais bebidas, música, festa. E uma vez mais, Andreia como uma das primeiras protagonistas. «Fui à cozinha buscar umas cervejas e quando estava a sair, um dos rapazes entrou, fechou a porta e começou-me a beijar. Uma coisa levou à outra, já havia uma atracção entre nós antes, e acabámos por fazer amor na bancada da cozinha.» Só que quando estavam em pleno acto, a porta da cozinha abriu-se e entrou um casal de amigos que em vez de se mostrarem surpreendidos, deram continuação ao que se passava. «A porta ficou aberta. Quem estava na sala via-nos. Começaram-se a envolver. Os rapazes a acariciar as mulheres. Parecia mesmo um filme pornográfico.» Andreia ri-se enquanto mo revela, mesmo porque até hoje não se arrepende de o ter feito. «Sempre tive curiosidade de experimentar algo do género. Lembro-me que me agarrei à minha amiga e comecei a beijá-la e a tocar-lhe. Acabei por lhe fazer sexo oral nessa noite. E os homens estavam malucos, extremamente excitados. Mas foi tudo muito erótico. Línguas. Mãos. Toques. Carícias. Tudo misturado!» Perguntei-lhe qual foi para ela o momento mais excitante. «Talvez quando fiz com que a minha amiga e o namorado se viessem ao mesmo tempo, a ela com a boca e a ele com a mão. Mas eu própria tive alguns orgasmos naquela noite. Nem sei bem quantos.» Para Andreia, foi a passagem de ano mais valiosa e original de sempre. Orgia? A palavra soa-lhe um pouco mal, «mas foi sem dúvida a melhor e mais “anormal” experiência sexual que já tive». E na manhã seguinte? «Uma grande dor de cabeça [risos]. Ainda me sentia cansada, e até na dúvida se aquilo teria realmente acontecido. Foi muito estranho encará-los a todos. Mas estávamos quase todos no mesmo barco e acabou por ficar tudo bem. Eventualmente, a distância separou-me de alguns, mas no geral ainda hoje falo bem com toda a gente.» Andreia parece-me sincera quando o diz, por isso resta-me apenas desejar que a entrada em 2012 tenha sido igualmente boa para ela... e, claro, para os seus amigos.


Artigo publicado na edição #05 da Revista 21

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