quinta-feira, 24 de Outubro de 2013

"Em Direcção aos Céus" estreia em Novembro em Almada


A Companhia de Teatro de Almada estreia no dia 2 de Novembro, em co-produção com o Teatro Nacional S. João, o espectáculo Em Direcção aos Céus, do autor austro-húngaro Ödön von Horváth, com encenação de Rodrigo Francisco.

Horváth, conhecido no nosso país por peças como Casimiro e Carolina, Noite Italiana, ou Lendas do Bosque de Viena, é tido como um dos autores que descreveu com maior acuidade as condições que levaram à ascensão do nacional-socialismo na Alemanha: o ponto de vista dos seus textos é o do pequeno-burguês da Europa Central, apanhado entre o desemprego crescente (em 1932 havia seis milhões de desempregados na Alemanha) e uma das mais devastadoras crises económicas da História, que se seguiu ao crash da bolsa de valores de Nova Iorque, em 1929.

Em Direcção aos Céus, escrita em 1934, já depois de Horváth ter se ter exilado da Alemanha nazi, é apresentada pelo próprio autor como «uma história de encantar em duas partes». Numa época na qual os principais teatros alemães e austríacos se recusavam a montar os seus textos, Horváth refugia-se num «conto feérico» (no qual não deixam de intervir o Diabo e o próprio S. Pedro) para, através da renovação das formas teatrais populares, «dizer certas coisas que de outra forma não poderiam ser ditas». «Coisas» essas como a ridicularização do belicismo crescente, ou a incapacidade dos sociais-democratas alemães para defenderem a democracia, ou a impostura risível da simbologia nazi.

Confira abaixo a sinopse de Em Direcção aos Céus:
Luísa (Ana Cris) sonha ser cantora de ópera. Passa os dias no teatro, na companhia de um porteiro (Paulo Guerreiro) que não a deixa entrar; com o pensamento no director (Marques D’Arede), que se recusa a conceder-lhe uma audição; com saudades da mãe (Teresa Gafeira), que, no Paraíso, reza pelo seu sucesso. Sozinha, sem pai nem mãe, Luísa conta apenas com o desprezo e a chacota dos demais. Até que, inesperadamente, o director do teatro morre: a sua alma é reclamada pelo Diabo (Luís Vicente), com quem, há 20 anos, tinha feito um pacto.

Uma vez no Inferno, agradam-lhe as torturas a que é sujeito. Já o tratamento especial e meigo que lhe é prometido para pôr termo à sua felicidade – inadmissível num Inferno digno desse nome – angustia-o… Desta forma, tenta acordar com o Diabo um prolongamento da sua vida na Terra, prometendo trazer-lhe uma alma para toda a eternidade: a de Luísa. O Diabo fica convencido, o director ressuscita e Luísa deixa-se seduzir por uma vida de triunfos, do tamanho da sua ambição. O contrato com o Demónio é assinado e tem início uma fulgurante carreira de soprano.

Os sucessos da jovem cantora alegram todos, em todo o lado… À excepção do seu coração, que permanece frio. Luísa entedia-se com os admiradores, as flores que não param de chegar… Deseja anular o contrato. E o Diabo vê-se forçado a permiti-lo: uma passagem imprecisa torna o documento inválido. E Luísa pode então encontrar o verdadeiro dono da sua alma: Lauterbach (Duarte Guimarães), assistente de encenação numa vida anterior, agora empregado de mesa.

Ao Diabo resta-lhe realizar mais um sem número de boas acções para, com sorte, poder entrar nos domínios de S. Pedro (André Gomes) e continuar a amena cavaqueira que já mantêm por telefone…
Em Direcção aos Céus está em cena de 2 a 30 de Novembro (quartas a sábados às 21h30 e domingos às 16h00) no Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada. Os bilhetes custam entre 6 e 13 euros e podem ser reservados aqui ou através do número 212 739 360.

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