sábado, 6 de Abril de 2013

Opinião: O Processo (Franz Kafka)


Título O Processo
Autor Franz Kafka
Edição 11 X 17
Título Original Der Proceß
Tradução Álvaro Gonçalves
Género Literatura/Clássico
Páginas 312 | PVP 7,00 €
Ano 2012 | Original 1925
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SINOPSE
Um belo dia a existência pacata de Joseph K., um bem-sucedido gerente bancário, vê-se abalada quando três homens entram no quarto da pensão onde reside para o prenderem. Não sabe quem o mandou prender nem muito menos do que o acusam — sabe apenas que está envolvido num processo obscuro e absurdo que o leva a percorrer as secretarias labirínticas nas quais decorre a instrução, conduzida por juízes menores cuja única incumbência é inquiri-lo. Todos aqueles com quem Joseph K. se cruza parecem saber mais do seu processo do que ele, e quanto mais K. se esforça por se livrar do estranho processo, mais se vê envolvido nele.

SOBRE O AUTOR
Entre o Expressionismo e o Surrealismo, Kafka tornou-se um dos mais influentes escritores de sempre, graças a obras como A Metamorfose e O Processo.

OPINIÃO
Se tem por hábito acompanhar estes pequenos espaços de opinião literária da Revista 21 já deverá saber que somos fãs incondicionais de livros de bolso. Aliás, o que há para não se gostar? É a possibilidade de adquirir, a preços extremamente convidativos, alguns dos maiores clássicos da literatura mundial num formato portável e, portanto, passível de ser transportado e lido em qualquer lugar.

O que poderá todavia desconhecer é que pelo menos este leitor em particular é também um confesso fã de Franz Kafka, assumindo por isso um certo parcialismo no que diz respeito à apreciação do 200.º lançamento da 11x17. Não que a qualidade não fale por si. O Processo é, afinal, um dos mais renomados trabalhos de Kafka, ocupando o terceiro lugar na lista de cem melhores livros do século XX elaborada pela FNAC e pelo jornal Le Monde.

O enredo ilustra na perfeição o estilo que viria a ser conhecido por kafkiano, uma espécie de surrealismo negro e marcadamente absurdo, baseado na estranheza do dia-a-dia. Tudo começa quando Joseph K. é preso, acusado de um crime que todos parecem conhecer menos o próprio. É um início imediato, quase tanto como n’A Metamorfose, e a acção avança fulgurante, do estranho para o muito estranho, mas sempre apresentado como comum, com a fluidez linguística habitual do autor.

O Processo encerra uma evidente crítica ao totalitarismo e à burocracia, mas parecem existir, para além dessa, várias outras camadas passíveis de análise. Kafka comenta nele a inércia e a rotina dos tempos modernos (realce-se que, apesar de o livro ter sido escrito em 1914 e publicado em 1925 se mantém ainda hoje, ou especialmente hoje, bastante actual nos seus temas), pintando um quadro de desesperança com um sentido de humor bastante peculiar, que só ele era capaz de incutir.

Algumas coisas ficarão por compreender. Como quase todas as histórias de Kafka, também O Processo é um trabalho inacabado que o autor nunca sequer quis publicar. Louve-se quem, depois da sua morte, o fez por ele. Nós agradecemos.

Texto: Tiago Matos

Artigo publicado na edição #20 da Revista 21

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