Revista 21

Beasts of the Southern Wild é, a par de Amour, a grande surpresa nos nomeados deste ano. Trata-se, contudo, de uma excelente surpresa.

Com um orçamento mais de 60 vezes inferior ao mais caro dos nomeados (Life of Pi), o estreante Benh Zeitlin construiu um filme mágico sobre uma criança que vive com o pai longe do resto da sociedade, no seio de uma comunidade miserável à qual chamam Bathtub («Banheira»). Vivem com (e como) animais, e como rapidamente percebemos comportam-se como alguns. Mas mantêm-se juntos... pelo menos até ao dia em que uma grande tempestade se aproxima.

Beasts of the Southern Wild é suportado por duas excelentes interpretações, sendo, como é evidente, de realçar a de Quvenzhané Wallis, que consegue, aos 9 anos, levar o filme às costas, fazendo-nos sentir aquilo que nem ela própria é capaz de compreender. Estão nos pensamentos audíveis de Hushpuppy (assim se chama a sua personagem) e na sua desesperada necessidade de ser um dia lembrada como as criaturas da Pré-História os grandes triunfos do filme.

De realçar que Beasts of the Southern Wild não tem qualquer hipótese de conquistar a estatueta, mas só o facto de estar nomeado é já um merecido reconhecimento ao seu valor.

Texto: Tiago Matos

Artigo publicado na edição #18 da Revista 21