«A actriz que marcou uma era de Hollywood, à semelhança de outros ícones como Marilyn Monroe ou Elizabeth Taylor, anunciou a sua saída de cena. “Eu quero sair em grande”, disse ao Daily News no anúncio oficial de fim de carreira.
Aos 64 anos, a actriz que agora desfruta de um enorme sucesso pelo papel na série American Horror Story, anunciou o fim da sua carreira. Concluirá a temporada actual da série norte-americana e fará a próxima. Ponto. American Horror Story, produção em que interpreta várias vilãs, trouxe-lhe a aclamação de um público mais jovem por todo o mundo. Quanto ao futuro, Jessica Lange pretende participar em dois ou três projectos finais, continuar a dedicar-se à sua paixão pela fotografia, mas ter uma vida mais calma.
Lange deixa assim para trás uma carreira recheada de marcos no campo que a tornou famosa, o cinema. Tudo começou com uma muito inocente Dwan no remake do clássico de 1933, King Kong. Descoberta pelo famoso produtor Dino De Laurentiis enquanto trabalhava em part-time para a conceituada agência de modelos norte-americana Wilhelmina Models, a actriz foi lançada para a ribalta não só pelo seu talento mas também pela sua beleza – de mistura germânica, holandesa e finlandesa.
A sua juventude caótica ao lado de um pai alcoólico pode ter influenciado a vida boémia que escolheu levar no início dos anos de 1970. Após desistir do curso que frequentava na Universidade do Minnesota, Lange seguiu pelos EUA e México numa pick-up com o seu marido, o fotógrafo Francisco "Paco" Grande. Acabando em Paris, onde se distanciou de Paco, partilhou um apartamento com Jerry Hall e Grace Jones – dessa época, a infame Jones recorda: “Nós nunca dormíamos. Não sei como sobrevivemos. Sentíamo-nos livres para sermos o que queríamos ser. O que era impossível em Nova Iorque”.
De regresso aos EUA, já depois de King Kong, em 1976, a actriz não parou. Tanto no cinema, como na televisão, passando pelo teatro. E nestes três palcos fez quase todas as grandes personagens que uma actriz pode interpretar, de Blanche DuBois na peça A Streetcar Named Desire, a Big Edie no filme televisivo Grey Gardens, a Frances Farmer no filme Frances, a Cora Smith em The Postman Always Rings Twice e Carly Marshall no filme Blue Sky. Representações que lhe legaram o estatuto de estrela e lhe entregaram vários prémios – de Óscares, a Golden Globes, a Emmys. Sobre ela, a conceituada crítica de cinema norte-americana Pauline Kael disse: “Ela tem uma estrutura facial pela qual a câmara anseia, e tem talento, também”.
Jessica Lange confessa sofrer de episódios de depressão, mas afirma que estes estados “têm um grande papel na minha capacidade de ser criativa. Esse é o poço a que eu posso aceder, onde toda a angústia, raiva e tristeza estão armazenadas”. Talvez seja essa a inspiração para as suas grandes performances e para todo o trabalho que faz fora do écrã – Lange já expôs a sua obra fotográfica por três vezes: 50 Photographs, En México e Jessica Lange: Unseen.
Lange é uma mulher apaixonada pela representação, pela fotografia e pelo seu trabalho humanitário – a actriz é Embaixadora da Boa-vontade da UNICEF e muito activa nos campos políticos e sociais. “Permitam à diversidade existir. Não há nada errado nisso. Bem, nós suportamos os religiosos de direita, podemos suportar transsexuais”, afirmou ironicamente em defesa dos direitos humanos em que tanto acredita.
Mas, mais do que tudo, Jessica Lange é apaixonada pela família. Conhecida também pelas suas relações com Mikhail Baryshnikov e Sam Shepard, destas resultaram três filhos. E sobre isso, assegura: “Para mim, nada foi mais prioritário do que ser mãe e ter uma família e uma casa”. Aos 64 anos, Jessica Lange fará agora da sua cabana no Norte dos EUA, o único sítio onde realmente se sente em casa, o cenário dos seus próximos capítulos.»
Via Público.
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