É uma das principais figuras do mês, mas quem é realmente o Óscar? Descubra tudo em 21 curiosidades.
Texto: Tiago Matos
Quem é o Óscar?
São várias as teorias da origem do nome da estatueta de prémios mais famosa do mundo. Muitos dão o crédito ao colunista Sidney Skolsky, que desde 1934 utilizou o nome «Oscar» nas suas reportagens para se referir ao prémio. Sidney confessa tê-lo feito simplesmente porque o achou um nome cómico, mas a coisa pegou. Outras teorias apontam a actriz Bette Davis, inspirada no marido Harmon Oscar Nelson, ou a secretária executiva da Academia Margaret Herrick, inspirada no seu «tio Óscar», como as responsáveis pelo nome.
Como é o Óscar?
A estatueta do Óscar não é tão simples como aparenta. Com 34 cm de altura e 3,85 kg de peso, representa um cavaleiro a segurar uma espada sobre uma bobina de filme dividida em cinco partes, cada uma identificando um dos ramos originais da Academia: actores, técnicos, escritores, produtores e realizadores. A estátua é de ouro.
El Indio
Emilio «El Indio» Fernández, falecido realizador e actor mexicano, serviu de modelo para o Óscar. Foi o director de arte Cedric Gibbons que o convenceu a posar nu para si enquanto esculpia a estatueta. Emilio Fernández tinha acabado de chegar a Hollywood depois de escapar de uma sentença de 20 anos de prisão no México, usando dinamite para explodir a sua cela.
Número um
A primeira cerimónia dos Óscares realizou-se em Maio de 1929 e foi presenciada por menos de 300 pessoas. Os vencedores haviam sido anunciados três meses antes e diziam respeito aos últimos dois anos de cinema, ao contrário do formato actual.
Acordo de vencedores
Todos os vencedores do Óscar são obrigados a assinar um acordo no qual concordam em nunca vender a estatueta sem antes a oferecer de volta à Academia por um dólar. Se alguém se recusar a assinar o contrato, a Academia assume-se no direito de ficar com o prémio. Este acordo começou a ser implementado em 1950, três anos depois da dupla vitória de Harold Russell.
Quem foi Harold Russell?
Harold Russell foi um soldado canadiano que perdeu as mãos num acidente do Exército e as viu substituídas por um par de ganchos. O defeito físico fez com que fosse chamado a interpretar o papel de um veterano de guerra no filme The Best Years of Our Lives e, para surpresa geral, ganhou o Óscar de Melhor Actor Secundário, tornando-se o primeiro actor não profissional a vencer a cobiçada estatueta. Só que não acaba aí. Russell é também, até à data, a única pessoa a ganhar dois Óscares pelo mesmo papel, já que na mesma noite os organizadores, que não acreditavam nas suas hipóteses de triunfar no prémio de actor secundário, quiseram homenageá-lo entregando-lhe um Óscar honorário por «trazer coragem e esperança a outros veteranos».
Harold Russell e o acordo
Em 1992, necessitado de dinheiro para cobrir despesas médicas da mulher, Harold Russell leiloou o seu Óscar de Melhor Actor Secundário por 60,5 mil dólares. A venda só foi possível tendo em conta que Russell o recebera antes de ser implementado pela Academia o acordo de vencedores.
Quem recusou o Óscar?
Foram até à data três os premiados que chocaram a Academia ao recusar o Óscar. O primeiro foi Dudley Nichols (Óscar de Melhor Argumento, The Informer, 1935) no seguimento de um conflito entre a Academia e a Associação de Argumentistas; depois foi George C. Scott (Óscar de Melhor Actor, Patton, 1970) que classificou a cerimónia como uma «parada de carne» da qual não queria fazer parte; por fim, Marlon Brando (Óscar de Melhor Actor, The Godfather, 1972) que enviou no seu lugar a índia Sacheen Littlefeather para ler um discurso de 15 páginas sobre a discriminação dos índios pela indústria cinematográfica.
Três vezes cinco
Apenas três filmes saíram vencedores de todos os cinco maiores prémios da cerimónia (Filme, Actor, Actriz, Realizador e Argumento). Foram eles: It Happened One Night em 1934, One Flew Over the Cuckoo’s Nest em 1975 e The Silence of the Lambs em 1991.
Consecutivamente Disney
Walt Disney perdeu a vida há 47 anos, mas se há coisa que ninguém lhe tira é o recorde de Óscares consecutivos. Entre 1931 e 1939, saiu sempre vencedor na categoria de Melhor Curta-Metragem de Animação, tendo ainda recebido dois Óscares extra, um pela criação de Mickey e outro pela inovação em Branca de Neve.
Disney e Head
Walt Disney é também o homem com mais nomeações (59) e Óscares (22, mais 4 honorários) de sempre. Nas mulheres, é Edith Head que se destaca, com 8 Óscares, todos por guarda-roupa.
Mais nomeações
Titanic (1997) e All About Eve (1950) foram os filmes mais nomeados de sempre, com 14 indicações. Tiveram sortes diferentes: All About Eve venceu «apenas» 6, enquanto a história do naufrágio mais célebre do mundo conquistou 11.
Mais Óscares
Os 11 Óscares de Titanic fazem deste um dos filmes mais premiados de sempre. Os outros são Ben-Hur (1959) e The Lord of the Rings: The Return of the King (2003).
Senhor dos Óscares
Por falar no segundo capítulo do Senhor dos Anéis, este tem ainda outro recorde relacionado com o seu número de Óscares, já que venceu todas as categorias para as quais estava nomeado.
Para fazer número
No pólo oposto estão The Turning Point (1977) e The Color Purple (1985), que conseguiram a enorme proeza de serem nomeados para 11 prémios... e não ganharem nenhum.
Katharine, a grande
Katharine Hepburn foi não só uma das melhores actrizes de sempre como a pessoa, contando com homens e mulheres, que mais Óscares venceu por actuação. Foram quatro, sempre como melhor actriz, nos filmes Morning Glory (1934), Guess Who’s Coming to Dinner (1968), The Lion in Winter (1969) e On Golden Pond (1982).
O rei dos realizadores
Já na realização, o entusiasta de westerns John Ford continua a ser a grande referência, com 4 Óscares de Melhor Realizador conquistados com os filmes The Informer (1935), The Grapes of Wrath (1940), How Green Was My Valley (1941) e The Quiet Man (1952). Curiosamente, nenhum é um western.
Quem sai aos seus
E não é que há quem compita em família? A primeira a ter três gerações de vencedores foi a família Huston. Walter e John Huston, pai e filho, ganharam respectivamente o Óscar de Melhor Actor Secundário e os de Melhor Realizador e Melhor Argumento por The Treasure of the Sierra Madre, em 1949. Já em 1985, a filha de John, Anjelica, venceu o de Melhor Actriz Secundária por Prizzi’s Honor. Mas não se pense que os Huston são caso único. Na família Coppola, aos 5 Óscares de Francis Ford junta-se o de Melhor Banda Sonora do pai, Carmine (por The Godfather Part II), e o de Melhor Argumento da filha, Sofia (por Lost in Translation).
França em Hollywood
Jean Dujardin, que no ano passado se tornou o primeiro francês a vencer o Óscar de Melhor Actor pela inesquecível interpretação em The Artist, não foi, na verdade, o primeiro actor francês a fazê-lo. A honra cabe a Simone Signoret que em 1959 ganhou o Óscar de Melhor Actriz por Room at the Top.
Óscar Juvenil
Quvenzhané Wallis fez este ano História, ao ser, aos 9 anos, a mais jovem nomeada de sempre para um Óscar de Melhor Actriz. Foi, contudo, a icónica Shirley Temple a mais jovem vencedora de sempre, ainda que o tenha sido numa categoria própria para crianças, conquistando aos 6 anos o agora extinto Óscar Juvenil. Isto numa altura em que já tinha participado em 13 filmes.
Uma questão de tempo
À excepção de Beasts of the Southern Wild, com 93, todos os nomeados para Melhor Filme deste ano ultrapassam os 120 minutos. Gone With The Wind (1939), com 224 minutos, foi o mais longo vencedor de sempre do prémio. Marty (1955), com 94, o mais curto.
Artigo publicado na edição #18 da Revista 21
0 comentários:
Enviar um comentário