segunda-feira, 23 de Julho de 2012

Perfil: Mike Patton


Na edição de Julho da Revista 21, apresentamos aquele que é considerado, por muitos, o melhor cantor do mundo. E você? Conhece Mike Patton?

Texto: Tiago Matos

Origens
Nasceu Michael Allan Patton em 1968, em Eureka, na Califórnia. Tem 44 anos.

Descendência
Tem descendência nativo-americana, ainda que apenas de 20.ª geração.

Mr. Bungle
Ávido fã de música, formou com os colegas de escola, em 1984, a sua primeira banda, um projecto de estilo experimental chamado Mr. Bungle. O nome foi baseado num segmento obscuro do programa de comédia The Pee-wee Herman Show.

Faith No More
Uma das gravações dos Mr. Bungle foi parar às mãos de uma outra banda, que procurava um novo vocalista para substituir o (horrível) Chuck Mosely. Não sendo possível convencer Chris Cornell, dos Soundgarden, a juntar-se a eles, avançaram para Mike Patton. E foi assim que este se tornou, até aos dias de hoje, a voz dos Faith No More.

T-shirt de «Epic»
Com Patton, os Faith No More alcançaram um enorme sucesso de imediato, em especial graças ao icónico single «Epic». Mas Patton nunca se esqueceu da sua outra banda. No videoclip de «Epic» é, aliás, possível vê-lo com uma t-shirt dos Mr. Bungle.

A mão direita
No seu terceiro concerto com os Faith No More, cortou a mão direita numa garrafa partida. Desde aí, consegue usá-la, mas não tem sensibilidade nela.

Red Hot Chili Peppers
O estilo vocal de Patton foi, no início, muito comparado ao de Anthony Kiedis, vocalista dos Red Hot Chili Peppers (RHCP). Os dois homens nunca se deram bem e as coisas pioraram quando os Mr. Bungle se viram impedidos de lançar o seu álbum California na data pretendida porque os RHCP queriam lançar nessa altura Californication. Patton e os Bungle responderam vestindo-se de RHCP e parodiando alguns dos seus temas num concerto em 1999.

Fantômas
Apesar do sucesso que os acompanhou durante toda a década de 90, os Faith No More acabaram por anunciar o seu fim em 1998. Insatisfeito por ter agora apenas uma banda, Patton formou rapidamente outra, um projecto de metal alternativo de nome Fantômas.

Ipecac
Ainda nessa altura, criou a sua própria editora discográfica, a Ipecac (que é também o nome de um medicamento que induz o vómito), para poder lançar os álbuns que lhe apetecesse, por muito estranhos ou experimentais que fossem.

Tomahawk
Em 2001, mais uma banda. Um supergrupo de rock alternativo chamado Tomahawk, em que Patton canta com uma máscara de gás. Têm três álbuns até agora.

Peeping Tom
Mais uma voltinha, mais uma bandinha. Em 2006, são criados os Peeping Tom, projecto pop rock, justificado por Patton com a expressão: «Eu não ouço rádio, mas se o fizesse era isto que esperava ouvir.»

Solo
Nem só de bandas vive um homem, e por isso Patton lançou também três álbuns a solo - Adult Themes for Voice (música ambiente com ruídos corporais), Pranzo Oltranzista (experimental sofisticado) e Mondo Cane (música clássica italiana) - e compôs as bandas sonoras dos filmes A Perfect Place, Crank: High Voltage e The Solitude of Prime Numbers.

Projectos paralelos
Diversas bandas activas e uma editora para gerir pareceram pouco a Patton, que se decidiu envolver em inúmeros projectos paralelos: Maldoror, Lovage, The Dillinger Escape Plan, Kaada/Patton e General Patton vs. The X-Ecutioners. Colaborou ainda com artistas como Björk, John Zorn, Sepultura e muitos - mesmo muitos - outros. Estão ainda marcados para breve novos lançamentos: Crudo, Nevermen e Mike Patton/Ictus Ensemble. E os Faith No More entretanto voltaram a reunir-se.

Videojogos
Só a música não lhe chega, por isso faz também regularmente colaborações vocais para videojogos, entre os quais Portal, The Darkness, Left 4 Dead e Bionic Commando.

Cinema
Também está ligado ao cinema. Em 2005, estreou-se como actor no filme Firecracker. Já antes tinha realizado a curta-metragem Video Macumba. E lembram-se das vozes das criaturas no I Am Legend? Pois é, são todas da sua autoria. Mas o que ele quer mesmo, e até ver não aconteceu, é trabalhar com o (também um pouco estranho) David Lynch.

Máfia
É conhecido como o homem das  mil vozes, graças à versatilidade vocal e ao quase interminável número de estilos que abordou (e criou) ao longo da carreira. A versatilidade vocal juntou-se à do aspecto. Conhecemo-lo com a imagem de jovem rebelde, à grunge, mas agora canta de fato, num estilo que lembra a máfia italiana.

Titi Zuccatosta
Por falar em Itália, Patton casou em 1994 com uma artista italiana chamada Titi Zuccatosta, mas separaram-se em 2001. Patton afirma que o casamento falhou porque lhe foi difícil conciliar a vida pessoal com as inúmeras responsabilidades profissionais. Quem diria?

Caralho Voador
Patton obteve, porém, algo importante do casamento: a língua. Fluente em italiano, arranha ainda alguma coisa de português (ainda que maioritariamente do Brasil). Quando cá vem, é comum dirigir-se ao público em português, e até tem, nos Faith No More, uma música chamada «Caralho Voador».

Algemas
Não se pense, contudo, que Patton é um falhado com as mulheres. Na verdade, é o próprio que confessa ser bastante requisitado pelas fãs: «Mas recuso-as sempre. Sou um rapaz bem educado.» Em 1996, recusou até a ainda Spice Girl, Victoria Beckham. A sua fã mais curiosa terá sido, porém, a que se algemou a ele depois de um concerto, quando Patton não quis falar com ela.

Instrumentos
Para além da voz, que é aparentemente capaz de tudo, Patton toca diversos instrumentos: baixo, guitarra, teclado, bateria, sampler, etc. É ele que compõe - e muitas vezes produz - as suas próprias músicas.

As letras
É também ele que escreve as letras dos seus temas, ainda que afirme não dar uma importância excessiva a isso: «Acho que as pessoas pensam demais nas minhas letras, mas eu sou uma pessoa que trabalha mais com o som da palavra que com o seu significado. Às vezes escolho as palavras mais pelo ritmo que pelo que querem dizer. [...] Já tirei uma música inteira de um bolinho da sorte. Em outra, peguei em palavras de diferentes músicas do Frank Sinatra e juntei tudo numa só. E outra, estava a andar, encontrei um papel no chão... e roubei.».


Artigo publicado na edição #11 da Revista 21

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