sábado, 18 de Janeiro de 2014

A Evolução dos Computadores Portáteis

De pensamentos de ficção científica a aparelhos modernos do dia-a-dia. Na edição #08 da Revista 21, propusemo-nos a desvendar a evolução dos computadores portáteis ao longo dos tempos, recordando alguns dos seus mais revolucionários modelos.

Texto: Tiago Matos

Em 1968, os computadores eram ainda objectos de elite, difíceis de utilizar e capazes de – literalmente – preencher uma sala inteira. Foi, ainda assim, nesse ano que um cientista da Xerox, Alan Kay, desenhou o protótipo do primeiro computador portátil, o Dynabook. Inesperadamente semelhante ao que hoje em dia conhecemos como tablet, o projecto destinava-se, segundo Kay, às crianças, mas nunca chegou a ser executado. A ideia permaneceu, contudo, nos centros de investigação da Xerox, e em 1976, foi desenvolvido o Xerox NoteTaker. O peso (22 kg) e preço (mais de 50 mil dólares, hoje em dia quase 33.500 euros) do aparelho impediram-no de ser produzido comercialmente, mas estava dado o primeiro passo na criação dos computadores portáteis.

OSBORNE 1 (1981)
Número Um
Foi com assombro que se assistiu ao lançamento do primeiro portátil comercial. O Osborne 1, da autoria de Adam Osborne, era construído em plástico, pesava 10,7 kg e, apesar de se assemelhar em tamanho a uma máquina de costura antiga, tinha um ecrã com apenas 13 cm de diagonal. Em termos de software, funcionava com o sistema operativo CP/M, tinha uma memória RAM de 64 kb e dispunha das aplicações WordStar e SuperCalc, respectivas bisavós de Word e Excel. Na altura do lançamento, custava 1795 dólares, o que actualmente corresponde a cerca de 4400 euros. Mesmo assim, foi um sucesso, chegando a vender mais de 10 mil unidades por mês.

POWERBOOK 100 (1991)
Novo Visual
Uma década depois do Osborne, surgia no mercado um dos primeiros portáteis com um design semelhante ao que conhecemos hoje. O PowerBook 100, da Apple Computer, vinha equipado com um processador de 16 MHz, 2 MB de RAM e o sistema operativo System 6, da Macintosh. Surpreendentemente (para o seu tempo), não dispunha de drive para disquetes. Quem as quisesse utilizar, tinha de adquirir à parte uma drive externa por 279 dólares (hoje, cerca de 452 euros). Outro ponto incomum: era capaz de manter conteúdos na memória, mas apenas enquanto a bateria não descarregasse. As suas dimensões eram de 10,3 x 38,7 x 37,7 cm e custava 2300 dólares.

TOUGHBOOK CF-30 (2007)
Portátil à Prova de Bala
A Panasonic entrou relativamente tarde no sector dos computadores portáteis, mas quando o fez, em 1996, surgiu com uma proposta completamente diferente, que ainda hoje mantém: portáteis ultra-resistentes, capazes de suportar temperaturas extremas e as mais adversas condições. O primeiro do género foi o CF-25, mas o lote continuou a aumentar, e um dos modelos, o CF-M34, chegou mesmo a salvar a vida de um soldado americano no Iraque, que o usou para se proteger de uma bala. O teste de resistência mais invulgar pertenceu, contudo, à Forbes, que entregou o CF-30 a um tigre e de seguida a um elefante, antes de lhe passar por cima com um carro. No final, o portátil de 3,8 kg continuava perfeitamente operacional. Durabilidade à parte, o CF-30 vinha equipado com um processador de 1,66 GHz, 512 MB de RAM e 80 GB de disco.

ASUS EEE PC 701 (2007)
Peso Leve
Os ToughBook da Panasonic eram a excepção que confirmava a regra. De facto, a massificação dos computadores portáteis que se fez sentir após a passagem do milénio significou, em termos estéticos, uma tendência destes em se tornarem mais polidos e compactos. Nascem aqui os netbooks, mais leves, pequenos e baratos, destinados essencialmente a utilizadores menos experientes ou profissionais com necessidades móveis. O primeiro do género foi o ASUS Eee PC 701. Contava com 512 MB de RAM, 4 GB de armazenamento, sistema WLAN e ecrã LCD de 7” com webcam integrada. As suas dimensões eram de 22,5 x 16 x 2 cm para apenas 0,92 kg de peso. Com um valor inicial estimado entre 299 e 329 euros, abriu o caminho para uma nova categoria de portáteis.

MACBOOK AIR (2008)
O Mais Fino
Nem só os netbooks eram mini-computadores. Cedo a tendência se alastrou a outro tipo de portáteis, como por exemplo o MacBook Air, da Apple. Rotulado na altura de «mais fino notebook do mundo» (o formato não-rectangular dava-lhe uma espessura de 1,9 cm no ponto mais alto e 0,41 cm no mais baixo), vinha com um processador de 1,6 GHz, 2 GB de memória e 80 GB de disco rígido, pesando apenas 1,36 kg. Foi o primeiro portátil a atingir tão reduzidas dimensões com um nível alto de funcionalidades.

IPAD (2010)
O Futuro
Mais de 40 anos após Alan Kay imaginar o Dynabook, o computador portátil conheceu um novo formato: o tablet. E é impossível falar de tablets sem mencionar o iPad. Consiste este num dispositivo de dimensões mínimas (24,1 x 18,6 x 0,94 cm) no qual o ecrã, sensível ao toque e com teclado virtual, é o principal meio de inserção de dados. Com WiFi, Bluetooth e literalmente milhares de aplicações compatíveis, vai seguindo o caminho dos primeiros modelos, e continuando a revolução dos portáteis.

Artigo publicado na edição #08 da Revista 21

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