«A escritora Lídia Jorge foi considerada uma das “10 grandes vozes da literatura estrangeira” pela revista francesa Le Magazine Littéraire, ao lado da britânica Zadie Smith, do norte-americano Richard Powers, do Nobel chinês Mo Yan, da canadiana Alice Munro, do Nobel turco Orhan Pamuk, da norte-americana Laura Kasischke, do espanhol Enrique Vila-Matas, do norte-americano John Irving e do islandês Arnaldur Indridason.
“Lídia Jorge invoca, de uma forma polifónica, os múltiplos estratos do século XX português, privilegiando o olhar das mulheres sobre uma sociedade patriarcal, antes de mais frio, depois atormentado”, sustenta a publicação, num artigo assinado pela professora universitária Maria Graciete Besse a propósito do mais recente romance de Lídia Jorge, La Nuit des Femmes qui chantent (tradução de A Noite das Mulheres Cantoras, que saiu em França nas edições Métailié). Esta académica assina ainda um outro texto sobre a "ruralidade arcaica e maravilhosa” e "os mal-entendidos da transição democrática” que se encontram na sua obra.
Pierre Léglise-Costa, o tradutor e crítico que dirige a colecção Bibliothèque Portugaise na editora Métailié, também colabora neste dossier da Le Magazine Littéraire com um texto sobre o Algarve onde Lídia Jorge nasceu em 1946. Parte do seu primeiro livro, O Dia dos Prodígios, para retratar o Portugal da sua juventude. E, por fim, o jornalista e crítico Alain Nicolas aborda os romances de Lídia Jorge que “investem na memória colonial utilizando um mesmo procedimento: a narração de uma noite supostamente maravilhosa, que vai ser objecto de versões contraditórias".
No editorial da revista, assinado por Joseoh Mace-Scaron, é explicado que depois do sucesso do ano passado da edição em que escolheram “os dez romancistas estrangeiros que marcaram o ano literário” resolveram repetir a fórmula. Quanto a Lídia Jorge, escreve o director da revista, "é uma das principais figuras da literatura portuguesa" e tem "um estilo soberbo, manuelino”.
Joseoh Mace-Scaron realça "o gosto pelo humano" que se nota na obra da escritora portuguesa: "Em vez de voltar as costas ao mundo contemporâneo, Lídia Jorge agarra-o, espreme-o e faz com que dele saia a violência, a corrupção, a mentira e todos os nossos miseráveis pequenos segredos."
Lídia Jorge irá editar, na sua editora portuguesa Dom Quixote, um novo romance em 2014.»
Via Público.
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