«A distinção é entregue pela Academia Real Sueca de Música e premeia todos os anos um artista pop e um clássico. Este ano os escolhidos foram o senegalês Youssou N'Dour e a finlandesa Kaija Saariaho pelos seus “trabalhos excepcionais na criação e na promoção da música”.
Para a Academia Real Sueca de Música, Youssou N’Dour “não é apenas um cantor, mas um contador de histórias, um poeta, um cantor de louvor, um artista e um historiador verbal”.
Nascido em Outubro de 1959 num bairro de Dacar numa família modesta, N'Dour é hoje um dos artistas senegaleses mais conhecidos no mundo, autor de mais de 20 álbuns. A sua carreira ficou marcada pelo êxito de 1994, "Seven Seconds". Sobre o seu percurso, a Academia Sueca destaca a importância que o senegalês tem tido na continuidade da tradição griot da África ocidental. Os griots, que na cultura mandinga significa que é o portador da tradição musical, cantam a vida dos seus e são respeitados por isso.
“Youssou N’Dour tem trabalhado para reduzir animosidades entre a sua própria religião, o islão, e as outras religiões”, lê-se no comunicado que anuncia os premiados deste ano, acrescentando que “a sua voz engloba a história de um continente inteiro”.
Youssou N’Dourm, que é uma figura muito querida dos senegaleses, tem também uma actividade política intensa e ainda no ano passado se candidatou às eleições presidenciais, defendendo que queria “fazer do Senegal um país que cresça”. Youssou N’Dourm, que não chegou a ser eleito, foi nomeado ministro do Turismo e da Cultura.
Sobre a escolha da finlandesa, a Academia Sueca escreveu ser “uma compositora única, que reexamina o que a música pode ser”. Destacando a sua combinação de instrumentos acústicos e electrónicos, Kaija Saariaho compõe, escreve a Academia Sueca, música de sonhos. Kaija Saariaho, de 60 anos, é uma “maestrina moderna” que nos faz apaixonar pela sua música, destaca o comunicado do prémio.
Kaija Saariaho ainda este ano passou por cá, a convite da Fundação Gulbenkian, para, a partir do libreto de Amin Maalouf, criar a música para a ópera Emile, encenada por Vasco Araújo e André e. Teodósio.
O Polar Music Prize foi criado em 1989 por Stig Anderson, agente dos suecos ABBA. O prémio distingue individualidades, grupos ou mesmo instituições, reconhecendo o trabalho excepcional feito em prol da criação e do progresso da música.
Ennio Morricone, Björk, B.B. King, Cyorgy Ligeti, Keith Jarrett, Bob Dylan, Ray Charles, Pierre Boulez, Elton John, Bruce Springsteen, Stevie Wonder, Pink Floyd, Dizzy Gillespie, Sony Rollins, Patti Smith e Gilberto Gil são alguns dos já laureados com esta distinção. No ano passado, foram premiados o cantor de folk rock Paul Simon e o violoncelista Yo-Yo Ma, ambos norte-americanos.
Os prémios, no valor de 117 mil euros, vão ser entregues pelo rei Carlos XVI Gustavo da Suécia, numa cerimónia em Estocolmo, a 27 de Agosto.»
Via Público.
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