sexta-feira, 10 de Maio de 2013

Michael Haneke vence Prémio Príncipe das Astúrias


«A sua filmografia densa, questionadora, revolvendo demónios da condição humana, não faz sorrir, mas o reconhecimento que tem tido é razão para deixar Michael Haneke de sorriso bem aberto.

Depois da distinção em Cannes, segunda Palma de Ouro do realizador austríaco no festival francês, desta vez para Amor, e depois de sair de Los Angeles, em Fevereiro, com um Óscar para Melhor Filme Estrangeiro, Haneke acaba de saber que é dele o Príncipe das Astúrias 2013 na categoria Artes, o prestigiado prémio atribuído anualmente pela fundação espanhola com o mesmo nome.

O realizador de O Laço Branco, Palma de Ouro em Cannes em 2009, ou de Nada a Esconder, melhor realização no mesmo festival, em 2005, era candidato ao Prémio ao lado de bailarino e coreógrafo Carlos Acosta, do compositor Arvo Pärt e dos artistas Marina Abramovic e Bruce Nauman. Porém, foi Haneke aquele que os 17 membros do júri consideram reunir, seguindo o critério de atribuição do prémio, “a contribuição mais relevante para o património cultural da Humanidade”, juntando o seu nome aos de Óscar Niemeyer, Antoni Tàpies, Paco de Lucia, Woody Allen, Pedro Almodóvar, Bob Dylan ou Richard Serra, outros dos distinguidos pela fundação desde a primeira atribuição do Príncipe das Astúrias, em 1981.

Michael Haneke é hoje um dos prestigiados realizadores mundiais, detentor de um cunho autoral atravessado pelo mergulho nos recantos mais perturbadores da nossa existência, quer enquanto comunidade (como em Brincadeiras Perigosas, que o revelou a um público mais vasto, em 1997), quer no íntimo das relações (como em A Pianista, de 2001).

Amor, protagonizado por Jean-Louis Trintignant e Emmanuelle Riva, fez com que 2012 fosse, de certa forma, um ano Haneke. Em 2013 também já o “vimos” em actividade. O realizador nascido em Munique, crescido e amadurecido em Viena, estreou em Fevereiro passado no Teatro Real, em Madrid, a sua produção da ópera Così Fan Tutte, de Mozart. Esteve em cena até ao mês seguinte e foi a sua segunda incursão no género, depois do Don Giovanni que levou em 2006 à Ópera de Paris – e uma reincidência naquele que é, a par de Schubert, compositor recorrente na sua obra.

O Prémio Príncipe das Astúrias atribui ao vencedor uma escultura de Joan Miró (o galardão ele mesmo), 50 mil euros, um diploma e uma insígnia. Haneke foi distinguido nas artes. Para além destas, são premiadas personalidades que tenham contribuído para o desporto, ciências sociais, letras, comunicação e humanidades, investigação científica, concórdia e cooperação internacional. A cerimónia de entrega dos Prémios tem lugar em Outubro, no Teatro Campoamor, em Oviedo, e é presidida habitualmente pelo príncipe Felipe, herdeiro do trono espanhol.»

Via Público.

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