sábado, 26 de Janeiro de 2013

Perfil: Cuba Gooding Jr.


Da vitória nos Óscares à obscuridade na indústria cinematográfica: o sucesso terá sido apenas um golpe de sorte para Cuba Gooding Jr.? Conheça a sua história em 21 curiosidades.

Texto: Tiago Matos

Crescer sem pai
Nasceu no Bronx, em Nova Iorque, a 2 de Janeiro de 1968, e logo em criança viu o pai, Cuba Sr., vocalista de uma banda de sucesso chamada The Main Ingredient, abandonar a família, deixando a mãe, também ela cantora, sozinha na tarefa de sustentar quatro filhos.

Crescer sem dinheiro
Falidos, os Gooding chegaram a dormir em bancos de jardim. Para arranjar dinheiro, Cuba passou a adolescência a trabalhar como jardineiro, empregado de mesa, operário da construção civil e até break dancer: «Orgulho-me de ter sobrevivido a esse tempo. Claro que não quero voltar a ele, mas não me envergonho. Fez de mim a pessoa que sou hoje».

Uma ida ao cinema
A lembrança de um passeio com o pai, ainda antes de este o abandonar, claro, foi a maior influência na carreira de Cuba: «Quando tinha cerca de 10 anos, ele levou-me à antestreia do filme Superman. Foi isso que me fez querer ser actor».

Boyz n the Hood
De início, Cuba limitou o interesse a festivais dramáticos locais e à figuração em algumas séries televisivas. Com o tempo, porém, ganhou confiança para ir a audições mais exigentes, sendo eventualmente escolhido como um dos protagonistas do drama independente Boyz n the Hood. O filme de 1991 foi um inesperado sucesso, rendendo quase nove vezes mais que o seu custo, e a representação de Cuba lançou-o como um actor a ter em conta.

Roubar o papel a um cão
Apesar do sucesso de Boyz n the Hood, os anos seguintes passaram-se sem grandes razões de destaque. Enterrado em produções baratas e de pouco sucesso, chegou a interpretar, em Lightning Jack, um papel originalmente destinado a um cão.

Jerry Maguire
Cuba aguardava um golpe de sorte que impulsionasse a sua carreira para outro nível, e foi exactamente isso que aconteceu quando, em 1996, Damon Wayans abandonou o filme Jerry Maguire e o papel que lhe estava destinado foi parar a Cuba. «Fui lá, fiz o que tinha a fazer e o resto é História.» Em poucas palavras, o actor resume a audição que lhe havia de mudar a vida.

Óscar em 1997
Em 1997, Cuba Gooding Jr. estava no topo do mundo. A sua frenética interpretação de um vaidoso jogador de futebol americano no filme Jerry Maguire deu-lhe a ganhar um Óscar para melhor actor secundário. O público adorava a sua irreverência e a crítica apontava-o como um dos mais promissores actores da década.

O discurso de Cuba
«Amo-vos a todos!», gritou incessantemente um emocionado Cuba ao aceitar o Óscar, naquele que é ainda hoje considerado um dos mais invulgares discursos de sempre na cerimónia. «A noite dos Óscares foi fantástica. Tenho a noção que me empolguei demasiado no discurso e peço desculpa por isso, mas passou tão depressa que já nem me lembro ao certo o que disse ou o que aconteceu.»

Show me the money!
A sua contagiante prestação levou ainda meio mundo a adoptar a expressão «Show me the money!», uma das suas mais emblemáticas frases no filme. «As pessoas gritavam-me a frase a toda a hora. Penso que foi tão aceite porque é o que todos pensam quando olham para actores profissionais e para os obscenos montes de dinheiro que eles ganham. A frase goza com isso».

Uma multidão
O Óscar mudou a vida de Cuba. «Passou a haver sempre uma multidão à minha volta, e quando ia a uma loja, por exemplo, toda a gente me vinha congratular.»

Arte vs. Dinheiro
Infelizmente, segundo o realizador Lee Daniels, Cuba terá levado demasiado a sério a filosofia «Show me the money»: «O que aconteceu após o Óscar foi que Cuba perdeu o respeito do público de Boyz n the Hood. Um actor negro tem de ter cuidado na gestão da carreira e ele portou-se como um homem de negócios, preferindo o dinheiro à arte».

Amistad vs. Pepsi
De facto, nos anos que se seguiram, perante as propostas que lhe eram apresentadas, Cuba pareceu escolher sempre as mais lucrativas, ignorando a qualidade das mesmas e deixando de lado projectos como Amistad para fazer anúncios televisivos para a Pepsi, por exemplo. «Em 10 anos, Cuba fez, no máximo, cinco bons filmes. Tudo o resto foi embaraçoso e deu ideia de que se vendeu por completo à indústria», escreveu em 2007 o crítico de cinema Jake Robertson.

Stock em baixa
O próprio Cuba admite a queda: «Os estúdios deixaram de me querer ver. Como entidade comercial, sei que o meu stock estava em baixa». A razão: «Pensei que as pessoas queriam que eu as fizesse rir, mas estava errado. Sou horrível quando tento transpôr a minha energia para a comédia. E sim, também agi por dinheiro, mas a verdade é que um actor quer actuar. Seja em que projecto for».

Straight to DVD
As (más) escolhas de Cuba reflectem-se (bem) nas estatísticas relativas aos últimos filmes nos quais entrou. Do total de 16 filmes que fez desde 2008, 13 deles não tiveram sequer estreia no cinema, indo directos para DVD.

Raspberry
Em contraste para com o início de carreira, os tempos recentes de Cuba estão recheados de prémios (ou pelo menos nomeações) pouco brilhantes. Foi cinco vezes nomeado para pior actor nos prémios Raspberry, por Boat Trip, The Fighting Temptations, Radio, Norbit e Daddy Day Camp.

Sem arrependimentos
Apesar de tudo, Cuba não se arrepende das escolhas que fez: «Faço os trabalhos que faço para enriquecer a minha filmografia, e estou orgulhoso de tudo o que fiz, desde os menores Boat Trip, Snow Dogs, Lightning Jack e Chill Factor aos papéis mais prestigiantes e respeitados, como Men of Honor e Jerry Maguire. Tem tudo a ver com trabalho e identificação, especialmente em papéis que me estimulam física e mentalmente. Não me arrependo de nada».

Retorno às raízes
«Se um batedor está em maré de azar, o melhor é não tentar um home run. É necessário reconstruir a sua credibilidade primeiro». A frase é do publicista Howard Bragman, referindo-se a Cuba e à fórmula que pretende de futuro adoptar para retomar o sucesso: retornar às raízes e aos filmes independentes. Para 2013 tem já previstos quatro: The Butler, Deception, Summoned e Machete Kills.

Top 50
Em 1986, quando estava ainda longe de ser uma celebridade, Cuba participou num programa televisivo de encontros e foi rejeitado. Onze anos depois, era um dos homens mais desejados de Hollywood, chegando mesmo a ser considerado uma das 50 pessoas mais bonitas do mundo pela revista People.

Sara Kapfer
Em 1994, depois de cerca de sete anos de namoro, Cuba casou com Sara Kapfer, uma ex-colega de liceu. Continuam juntos até hoje e contam já com três filhos: Spencer (1993), Mason (1996) e Piper (2005). Para Cuba, o segredo da relação está no facto de, em casa, predominar a voz feminina: «A Sara controla as coisas, e ainda bem, já que ninguém me conhece melhor que ela, nem eu próprio».

Artes marciais
«Quando não estou a gravar, limito-me a ficar em casa. Há tanta actividade na minha vida que me sabe bem o tempo de repouso», refere Cuba. Na prática, porém, isso não é bem verdade, já que o actor pratica regularmente break dance e artes marciais (estudou-as durante três anos antes de se decidir por uma carreira na actuação).

Hóquei no gelo
Cuba é um ávido adepto de hóquei no gelo, sendo presença habitual na assistência de jogos da NHL. É tal a paixão que chega mesmo a ter um ringue no terraço de sua casa, onde joga regularmente com amigos.


Artigo publicado na edição #17 da Revista 21

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