É um verdadeiro clássico na arte de matar. A saga de videojogos Hitman regressa com um muito antecipado quinto capítulo e mostra que quem sabe não esquece.
Texto: Tiago Matos
Pois é, o Agente 47 está finalmente de regresso, seis anos e meio depois da sua última edição, e na verdade muito sentiu o mundo dos videojogos a falta da sua subtil violência. Mas será que o quinto capítulo de Hitman mantém intactas as qualidades que tornaram clássicos os primeiros? A resposta mais directa é... sim.
A morte de Diana
Comecemos pelo princípio, que é como quem diz pelo fim de Hitman: Blood Money. Diana Burnwood, a inseparável voz de confiança do Agente 47, imprescindível elo de ligação entre este e a International Contract Agency, consolidou-se na altura como uma das suas maiores aliadas, pelo que parecia certo que teria um papel de destaque neste novo Hitman. Confirma-se. Mas não da forma que se esperava. Isto porque Diana se separa inesperadamente da agência, levando consigo importantes segredos e a intenção de os expor ao mundo. Compreende-se assim que a primeiríssima das missões do Agente 47 seja precisamente descobrir e assassinar Diana. É uma jogada inesperada por parte dos criadores, mas tambem uma forma de marcar um corte total com o passado. O desaparecimento de Diana (e subsequentes enredos) marca o início de uma nova mecânica no Hitman.
De contrato a contrato
A principal mudança, aquela que sem dúvida muitos dos jogadores mais hardcore da série vão abominar, é a ausência da total liberdade de acção que costumava habitar o mundo Hitman. No modo principal já não podemos escolher de antemão as armas que queremos utilizar ou deambular livremente pelo jogo ao estilo de Grand Theft Auto. Continuamos, porém, a ser incentivados a desempenhar as nossas missões com o maior dos improvisos, e os cenários são tão extensos e interessantes de explorar que não é, de todo, um problema grave. Para além do referido modo individual principal existe ainda o excelente modo Contratos, onde podemos cumprir missões particulares, criadas pelo sistema, por amigos ou por nós próprios.
O apelo do assassino
Hitman: Absolution é uma versão refinada dos capítulos anteriores, com um apelo muito próprio. Matar exige paciência e estratégia, mas na maioria das ocasiões é extremamente recompensante, e a jogabilidade bastante simples e intuitiva. O Agente 47 pode agora esconder-se de forma mais efectiva em tiroteios, usar o instinto para sentir a presença de vítimas ou inimigos e entrar em confronto físico de forma mais lógica, com uma simples combinação acertada de botões. Outra inovação interessante permite-nos «passar despercebidos», o que na prática significa que cobrimos o rosto com a mão. Parece uma adição básica, mas é particularmente útil quando, por exemplo, nos disfarçamos com uma roupa de jardineiro e não queremos ser denunciados por outros jardineiros que nos possam desmascarar. Mas a verdade é que, com ou sem estes incrementos, a fórmula essencial de Hitman se mantém inalterada: escolher a arma mais adequada, encontrar o nosso alvo e esperar pelo momento certo para agir. Tudo sem dar nas vistas.
O que se vê e ouve
Os gráficos de Hitman: Absolution são incríveis, repletos de brilho, detalhe e realismo. Quando nos infiltramos pelo meio da multidão de asiáticos na feira nocturna de Chinatown sentimo-nos quase como se estivéssemos a protagonizar um filme. E que dizer da violência visual? Os tiros certeiros, o sangue a pingar, a necessidade de esconder os corpos... Tudo impecável. Também o som ajuda ao realismo, com um trabalho vocal bastante competente por parte de David Bateson e Keith Carradine, e uma interessante panóplia de efeitos sonoros, sempre a contribuir para aumentar a tensão.
Na subtileza está o ganho
Sim, Hitman: Absolution é um jogo diferente dos outros títulos da série, e não, não é completamente original nas suas inovações. Mas é divertido. E muito. Especialmente para jogadores que aceitem o seu ritmo lento e tenham a paciência necessária para planear um homicídio perfeito de cada vez. Este não é, afinal, um jogo para quem gosta de abrir caminho à bala. Ainda que nada nos impeça de o fazer.
HITMAN: ABSOLUTION
Para: Playstation 3, Xbox 360 e PC
GRÁFICOS: 10
Incríveis. A maior parte do tempo parece que estamos a ver um filme. Realistas, detalhados, intensos.
SOM: 9
Bom trabalho vocal por parte do elenco de actores envolvido. Música simples, adequada às cenas.
JOGABILIDADE: 9
Movimentos extremamente fluidos e controlos bastante fáceis de assimilar, mesmo para quem nunca jogou a um Hitman. Só não recebe nota máxima por não existir tanta liberdade no mapa como em títulos anteriores.
INOVAÇÃO: 8
Várias mudanças na mecânica do jogo que poderão desagradar a alguns jogadores da velha guarda mas são bastante válidas se olharmos ao jogo individualmente.
REPLAY: 8
A possibilidade de descarregar ou criar novas missões aumenta o tempo de diversão «assassina».
Artigo publicado na edição #17 da Revista 21
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