Revista 21

«O Irão vai subsidiar um filme sobre a crise dos reféns norte-americanos de 1979, em reação à visão "deformada" dos factos apresentada por Argo, uma longa-metragem de Ben Affleck premiada no domingo nos Globos de Ouro, noticiou [ontem] a imprensa iraniana.

"O argumento do filme Setad Moshtarak ("Os chefes do Estado-Maior", em farsi) foi aprovado pelas autoridades e aguardamos o orçamento para iniciar as filmagens", afirmou o realizador iraniano Ataollah Soleimanian, citado pela imprensa.

O filme "narra a libertação de 20 reféns americanos pelos revolucionários iranianos no início da Revolução Islâmica de 1979", acrescentou Soleimanian, que também é actor.

Esta longa-metragem "pode ser uma resposta apropriada à visão deformada de alguns filmes, como Argo", relativo aos eventos da ocupação da embaixada norte-americana em Teerão, no dia 4 de Novembro de 1979, e ao sequestro de diplomatas norte-americanos, explicou. O sequestro, que durou 444 dias, provocou a ruptuta das relações entre os Estados Unidos e o Irão.

Realizado pelo actor Ben Affleck, Argo conta a rocambolesca mas verídica história da retirada dos diplomatas norte-americanos, que conseguiram fugir depois de se terem refugiado em segredo na embaixada do Canadá. O filme ganhou no domingo o Globo de Ouro de melhor realizador e o de melhor filme de drama. O sucesso de Argo, proibido no Irão mas onde várias cópias piratas circulam, foi pouco comentado na imprensa iraniana.

O jornal 7Sobh classificou a cerimónia dos Globos de Ouro de "maior cerimónia política da história do cinema americano" e Argo como uma "tentativa ridícula" de recriar o Irão de 1980. O diário descreve também a série norte-americana Homeland como uma "poderosa máquina de propaganda para a CIA".»

Via Diário Digital.