terça-feira, 8 de Janeiro de 2013

Debenedetti mata famosos para denunciar mau jornalismo


«Em apenas 140 caracteres, Tommaso Debenedetti já conseguiu “matar” vários famosos na rede social Twitter. Da escritora britânica JK Rowling ao Papa Bento XVI, este italiano diz que forja a morte de celebridades para denunciar o mau jornalismo que reproduz factos sem os confirmar.

Tommaso Debenedetti é jornalista freelancer e utiliza o Twitter, onde cada mensagem pode ter no máximo 140 caracteres, para anunciar a falsa morte de algumas figuras famosas. Fidel Castro, Mikhail Gorbachev, o Papa e JK Rowling foram alguns dos visados pelos rumores que chegaram a ser noticiados por alguns meios de comunicação social.

“A morte funciona bem no Twitter”, disse Tommaso Debenedetti numa entrevista à agência noticiosa AFP, acrescentando que “infelizmente, o jornalismo funciona em alta velocidade. Uma notícia falsa pode espalhar-se de uma forma acima do comum”. Uma realidade que o próprio conhece bem, já que publicou em pequenos jornais italianos entrevistas falsas a vários escritores famosos, que só vieram a público quando alguns jornalistas norte-americanos questionaram Philip Roth sobre as suas declarações anti-Obama, que afinal eram falsas.

Para o seu rumor mais recente, o italiano contou que criou uma conta falsa em nome do escritor John Le Carré, tendo anunciado na referida conta a morte da britânica JK Rowling, autora dos livros da saga Harry Potter. “Quando me apercebi que esta tinha 2500 seguidores, entre os quais jornalistas de grandes títulos britânicos, americanos e alemães, decidi fazer com que John Le Carré dissesse que JK Rowling tinha morrido num acidente”, acrescentou. Neste último caso, a mensagem foi replicada centenas de vezes e uma televisão chilena chegou mesmo a avançar a notícia como sendo certa.

O objectivo, reiterou Debenedetti, é mostrar que o Twitter se tornou numa agência de notícias global, que é “a menos confiável do mundo”. O italiano exemplifica que uma mensagem facilmente perde a sua fonte original a partir do momento em que é partilhada por pessoas com credibilidade. De tal forma que o porta-voz do Vaticano foi obrigado a desmentir a morte de Bento XVI na sequência de tweet falso do cardeal Tarcisio Bertone, o número dois da Santa Sé. E garante que a falsa morte do Presidente sírio Bashar al-Assad fez com que os preços do petróleo disparassem temporariamente.

Mas Debenedetti rejeita que as suas farsas prejudiquem os visados e garante que desmente tudo no espaço de uma hora: “Não faço isso senão com personalidades de primeiro plano que levam a que tudo seja desmentido muito rapidamente. Jamais anunciarei a morte de um escritor de segundo plano ou da minha vizinha".»

Via P3.

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