Revista 21

Está instalada a polémica. Como avançámos aqui, o tema «Quero Ser Tua», composto por Emanuel e interpretado por Suzy, sagrou-se este sábado vencedor do Festival da Canção 2014, ganhando o passaporte para Copenhaga, a fim de representar Portugal na edição deste ano do Festival da Eurovisão. No entanto, a vitória foi tudo menos consensual, e grande parte dos presentes na gala realizada no Convento do Beato chegou mesmo a abandoná-la em protesto logo que foi revelada a canção vencedora.

«Mea Culpa», de Catarina Pereira [ouça-a aqui], era à partida a grande favorita nas opiniões e sondagens on-line, e o facto de ter terminado em segundo, atrás de um tema considerado por muitos como «pimba», não caiu bem a muitos espectadores. A juntar aos inúmeros comentários negativos nas redes sociais, foram postas a circular, pouco após o final da cerimónia, uma (ofensiva) paródia ao tema, [ouça-a aqui] e uma petição pública para impedir a ida de Suzy à Eurovisão, que conta, até ao momento, com mais de 3500 assinaturas.

As mais graves acusações partem, no entanto, de Carlos Coelho, autor da canção «Mea Culpa», que, em declarações ao sítio ESC Portugal, referiu: «Acho estranho que, na semifinal, onde era contado apenas um voto por telefone, a canção da Suzy tenha ficado em 5.º lugar, com metade dos votos da nossa canção, quando, na final, onde o voto passou a ser ilimitado, já tenha ficado em 1.º lugar com mais do dobro dos votos da canção classificada em 2.º lugar. [...] Iremos contactar amanhã o nosso advogado no sentido de preparar um pedido de auditoria que, se provar que tudo foi transparente, ficaremos todos mais tranquilos, incluindo a RTP e a equipa vencedora. [Contudo], se este foi o Festival da Central Telefónica, se saberá. Calma e serenamente, porque quem não deve, não teme.»

Carlos Coelho aponta ainda outras irregularidades na competição: «Houve regras que só algumas canções cumpriram. Todos os compositores receberam um correio electrónico dando-lhes conta de que não seriam permitidos adereços em palco. Qual o nosso espanto quando a canção que acabou por sair vencedora utilizou diversos adereços desde o primeiro ensaio da semifinal. [...] Espanta-nos também o facto de o contrato com a RTP ser claro quanto a todos os direitos de edição e reprodução da canção pertencerem à RTP até ao festival Eurovisão e, contudo, tivemos conhecimento na sexta-feira através dos média que a canção “Quero Ser Tua” será editada pela Sony já a partir de amanhã.»

Carlos Coelho questiona igualmente «porque é que a equipa da canção vencedora pôde substituir a canção que lhe fora atribuída no medley de homenagem a Calvário e Simone por uma outra canção que nunca concorreu ao Festival da Canção», alertando ainda para a proibição de filmagens do primeiro ensaio, algo que «na prática não foi cumprido, nomeadamente pela equipa vencedora».