sexta-feira, 21 de Março de 2014

"Menos Emergências" em Maio no Teatro Meridional


O Teatro do Eléctrico estreia, de 7 a 18 de Maio, no Teatro Meridional (Rua do Açúcar, em Lisboa) o espectáculo Menos Emergências, um original de Martin Crimp, encenado por Ricardo Neves-Neves, que conta com as interpretações de Bruno Huca, Catarina Rôlo Salgueiro, Filomena Cautela, José Leite, Rafael Gomes, Rita Cruz, Tânia Alves, Teresa Coutinho e Vítor Oliveira.

Confira abaixo a sinopse de Menos Emergências:
Menos Emergências é uma trilogia de peças ou 3 episódios de uma crónica sobre a miséria humana, contada pela voz do que poderá ser uma certa burguesia florida e suburbana europeia. É um texto político e moralmente incorrecto, onde a pobreza de espírito das personagens espelham uma certa mediocridade entre as relações humanas e a forma como lidam com a violência e a crueldade. É uma peça fria, sofisticada, porém bárbara, hesitante e um excelente retrato sobre a hipocrisia educada e elegante, presente nas relações humanas.

Menos Emergências poderá ser uma mentira. A narrativa que os actores contam poderá não ser a descrição de uma acção passada, mas a criação de uma história onde as personagens têm o (cruel) prazer de criar. Trata-se de um equívoco, uma distorção dos factos e um apelo à consequência e ao superficial para explicar a existência.

Num tempo indefinido e em terreno árido, as personagens que se encontram neste episódio prefiguram um questionamento do plano ético sobre a estrutura da ordem civilizacional que conhecem. É um olhar atento, mas ingénuo, crédulo e simples sobre a paisagem social e intelectual, as oscilações de bem-estar e de poder, numa realidade desconhecida, mas cujos vértices tocam a nossa.

No plano estético de representação e na linguagem dramatúrgica há a desconstrução do “razoável”, a procura de um imaginário grotesco e absurdo, um convite à entrada do artifício e do ridículo.

A influência da Música e a sua aplicação funcional no texto, na estética visual e no movimento é fundamental. O texto tem um movimento sonoro que roça o conceito musical, que a encenação poderá sublinhar através de signos musicais e visuais.

Esta é uma peça num acto, com a sucessão rápida e diluída de cenas, que marcam o levantamento de questões e uma viragem da disposição conveniente do poder.

O discurso é assente num dispositivo cénico e plástico simples, procurando uma essencialidade monocromática, que suportam firmemente a complexidade, sonoridade e movimento do texto. A cenografia em estreita relação com a luz, deverá recorrer à maior simplicidade de meios possível. Assim, o desenho criado pela forma e polifonia do texto, manipulados pela encenação e pelos atores, potência o cariz frio e cruel do mesmo. O mecanismo cénico frontal, próximo em termos visuais do que é tradicionalmente associado à Ópera, assume e mostra o artifício teatral e a transparência da 4ª parede, criando um jogo teatral na contracena entre atores e o público (este não se assume enquanto uma terceira personagem, mas enquanto destinatário consciente da acção). O movimento dos actores, mais livre na máscara que no corpo, deverá obedecer a uma partitura rigorosa com a criação de imagens que potenciem o movimento do texto.
O espectáculo será exibido de quarta a domingo, sempre a partir das 22h00. A reserva dos bilhetes pode ser feita através dos números 218 689 245 e 918 046 631 ou do endereço .

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