«Um relatório sobre as tendências do consumo de música digital em todo o mundo mostra que os portugueses estão entre os mais activos na partilha ilegal de ficheiros. Portugal surge em 13.º lugar na lista dos 20 países que mais fogem das lojas físicas e online, mas é só fazer as contas para se perceber que o país sobe para o top 5 na relação entre o número de habitantes e o número de partilhas. E quem é o artista mais popular entre os “piratas” portugueses? O espanhol Pablo Alborán, que cantou com a fadista Carminho a canção “Perdóname”.
O primeiro Índice de Música Digital, elaborado pela empresa Musicmetric, apresenta-se como “o estudo mais detalhado de sempre sobre o panorama da música digital em todo o mundo”. O relatório analisa o consumo legal e ilegal de música em serviços de venda directa ou streaming como o iTunes, 7Digital, Spotify, WiMP e Deezer; em redes sociais e sites de partilha de vídeo e áudio como o Facebook, Twitter, YouTube, SoundCloud ou Last.fm; e em sites que alojam e/ou dão acesso à pesquisa de ficheiros torrent, como o ThePirateBay.
Apesar do óbvio crescimento da partilha ilegal de ficheiros, o estudo conclui que as receitas das editoras discográficas no sector da venda de música digital subiram 8% em 2011, para 5,2 mil milhões de dólares (quase 4 mil milhões de euros). As receitas cresceram mesmo em relação a 2010 (de 5% para 8%), naquela que foi a primeira subida em dois anos consecutivos desde que a Federação Internacional da Indústria Fonográfica começou a registar os dados, em 2004.
O estudo chama também a atenção para uma realidade que já transformou em estrelas muitos artistas que há uma década teriam poucas hipóteses de pisar os grandes palcos: “É evidente que num mundo em que há mais artistas do que nunca, conseguir que as pessoas pelo menos ouçam a música de um determinado artista é um factor determinante para o seu crescimento.” Por exemplo, para além do Facebook, as séries televisivas são cada vez mais importantes na relação entre a música e os potenciais consumidores, salienta o estudo.
A ideia de “conseguir que as pessoas pelo menos ouçam a música de um determinado artista” inclui, naturalmente, os sites de partilha ilegal. “A tendência mostra-nos que nos primeiros seis meses de 2012, o número total de downloads através de clientes BitTorrent foi de 405 milhões, sendo 78% álbuns e 22% singles”, destaca o relatório.
É verdade que estes sites não vivem só do alojamento e da oferta de pesquisa de músicas protegidas por direitos de autor detidos por grandes empresas discográficas – é disso exemplo o auto-intitulado “artista e produtor Electro” Billy Van, que licenciou o seu EP The Cardigan para distribuição na rede BitTorrent.
Com licença ou sem licença, os portugueses destacam-se neste particular: dos 20 países que mais partilharam ficheiros de música, Portugal surge na 13ª posição, com um total de 5.597.198 partilhas nos primeiros seis meses de 2012. Em comparação, a Suécia – pátria do controverso ThePirateBay e do primeiro Partido Pirata – ficou em 19.º lugar, com 4.074.594 partilhas.
Fazendo as contas à comparação entre o número de partilhas e o número de habitantes por país, Portugal sobe para a 5.ª posição, apenas atrás do Reino Unido, de Itália, do Canadá e da Austrália.
Em termos absolutos, os Estados Unidos são o país com mais partilhas (96.868.398), seguidos do Reino Unido (43.314.568), de Itália (33.226.258), do Canadá (23.953,053) e do Brasil (19.677.596).»
Via Público.
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