«A Associação Portuguesa de Críticos de Teatro atribuiu o Prémio da Crítica, relativo ao ano passado, ao Festival de Teatro de Almada, apontado como "um caso exemplar do teatro português", divulgou hoje o júri.
O júri, constituído por Emília Costa, João Carneiro, Maria Helena Serôdio, Rui Monteiro e Samuel Silva, decidiu ainda atribuir três Menções Especiais aos espectáculos Ah, os dias felizes, pelo Teatro Nacional São João, Os meus sentimentos, por Mónica Calle, e Rei Lear, pelo Teatro Oficina.
O Festival de Teatro de Almada celebrou no passado 30 anos de existências, e segundo o júri do Prémio, "reuniu muito daquilo que de melhor e de mais interessante foi sendo produzido em Portugal e fora dele".
Na justificação do prémio, o júri salienta que, no Festival, "a qualidade tem estado em incessante progressão, e a relação com o público é um modelo de funcionamento social das práticas artísticas".
"Tudo tem sido feito, contudo, sem concessões a populismo e gigantismo megalómano, e sem recurso à legitimação social e política que, em muitas das actuais políticas culturais, assenta essencialmente em pressupostos mercantilistas e quantitativos", afirma o júri.
"O Festival de Almada é, assim, um caso exemplar do teatro português", remata o júri.
Relativamente às menções especiais, sobre Ah, Os dias felizes, de Samuel Beckett, pelo Teatro Nacional São João, no Porto, o júri justifica-a "pela exigência artística que o espectáculo revelava em todos os planos do seu conseguimento". O júri sublinha a "singular exuberância cenográfica e de figurino, de Nuno Carinhas", a "brilhante iluminação de cena, de Nuno Meira, e uma exigente e calculada vivacidade na interpretação, de Emília Silvestre, inscrevendo nesta revisitação ao mundo de Beckett um sentido de possível desinquietação face ao esvaziamento da vida que nos cabe hoje viver".
Quanto a Os meus sentimentos, afirma o júri que "Mónica Calle construiu um espectáculo admirável onde uma única actriz, com o movimento do seu corpo e a entoação da sua voz nas poéticas palavras de Dulce Maria Cardoso, coadjuvada por uma magistral selecção musical e por um irrepreensível jogo de luzes, seduziu o público durante cerca de sete horas". "No mais minimalista dos cenários, a essência mágica do teatro", rematam os jurados.
A escolha de Rei Lear, pelo Teatro Oficina, é justificada "pela reflexão sobre o papel do teatro nos nossos dias feita a partir de um texto clássico que assumia um lugar central em todo o espectáculo, apesar da actualidade com que se apresentavam espaço cénico, figurinos e modos de elocução". Os jurados salientam "a encenação de Marcos Barbosa, que utilizava de forma inteligente o dispositivo cénico de Ricardo Preto para interpelar o lugar dos espectadores e dos atores, expondo-se estes de forma simples e próxima, e provando, assim, a maturidade da companhia".
No comunicado enviado à agência Lusa, a Associação Portuguesa de Críticos de Teatro afirma que "em breve" será divulgado "o local, dia e hora em que se realizará a cerimónia da entrega destes prémios".»
Via Sol.
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