«Os países mais felizes do mundo estão no Norte da Europa. Esta é a conclusão, e pelo segundo ano consecutivo, do Relatório Mundial sobre Felicidade, elaborado pela Universidade de Columbia para a ONU, e que coloca a Dinamarca, Noruega e Suíça nos primeiros três lugares do ranking. Também sem alterações, o Togo, Benim e República Centro-Africana estão no fim da lista. Há novidades para Portugal e não são as melhores - desceu da 73.ª posição para a 85.ª, entre 156 países classificados. Segundo o estudo, a queda de 12 lugares deve-se ao “impacto da crise na zona euro”, que afectou de forma idêntica a Grécia, Itália e Espanha.
Lançado pela primeira vez no ano passado, o Relatório Mundial sobre Felicidade de 2013 apresentado esta segunda-feira faz uma leitura de dados recolhidos entre 2010 e 2012. Aos inquiridos em mais de 150 países foi pedido que medissem numa escala de 0 a 10 factores como a família, educação, saúde, esperança de vida, liberdade de escolha, ou ainda capacidade económica e relações com a comunidade e instituições públicas. Em 2012, Portugal teve uma avaliação de média de felicidade de 5,4. Um ano depois, essa média caiu 0,305 para 5,1, o que concluiu que os portugueses mantêm-se num estado de bem-estar moderado onde as incertezas provocadas pela instabilidade económica impedem uma variação mais positiva da felicidade.
Portugal foi um dos 41 países analisados onde se registou uma descida do nível de felicidade, enquanto em 60 outras nações os inquiridos mostraram-se mais satisfeitos com a vida.
No topo está a Dinamarca, Noruega, Suíça, Holanda, e Suécia e nos últimos lugares o Ruanda, Burundi, República Centro-Africana, Benim e Togo, todos países da África subsariana. O Canadá entra no sexto lugar, os Estados Unidos em 17.º e a Alemanha em 26.º, por exemplo. Em termos de União Europeia, Portugal continua atrás de países como a Roménia, Hungria e Bulgária.
Apesar de o “mundo se ter tornado ligeiramente mais feliz e generoso nos últimos cinco anos”, o relatório concluiu que problemas económicos e políticos comprometeram a felicidade em alguns países. É o caso de Portugal. Colocado lado-a-lado com a Grécia (70º lugar no ranking), Espanha (38º) e Itália (45º) é um dos países mais afectados pela crise na zona euro onde foram registadas descidas significativas de felicidade devido à redução do poder económico. Quando analisados países que sofreram grandes perdas económicas nos períodos de 2005-2007 a 2010-2012, Portugal está em 20.º lugar, Itália em oitavo, Espanha em sexto e Grécia em segundo. Os portugueses apresentaram o desemprego como a causa para a descida na média de bem-estar.
Se a questão económica é apresentada como uma das principais razões para a limitação da felicidade dos portugueses, a crise política é avançada como causa principal para a descida no ranking para países como o Egipto, por exemplo, um daqueles em que se registou a “Primavera Árabe” e que no último mês ficou marcado por confrontos violentos entre civis e forças de segurança. Se em 2007, os egípcios tinham uma média de felicidade de 5,4; cinco anos depois situa-se nos 4,3 numa escala de 0 a 10. A redução da liberdade para fazer escolhas de vida, um dos factores analisados pelo relatório, explica essa descida.
O Relatório Mundial sobre Felicidade de 2013 vem reforçar que o bem-estar deve ser um “componente crítico para a forma como o mundo mede o seu desenvolvimento económico e social”. O director do Instituto da Terra da Universidade de Columbia e conselheiro especial para o secretário-geral da ONU, Jeffrey D. Sachs, um dos responsáveis que assina este relatório, sublinha que “existe, neste momento, uma exigência crescente de que a política esteja mais alinhada com o que realmente importa às pessoas”, acrescentando que “cada vez mais os líderes mundiais falam sobre a importância do bem-estar como um guia para as suas nações e para o mundo”.
O relatório defende a importância de “equilibrar medidas económicas para o progresso social com medidas de bem-estar para garantir que o progresso económico leva a grandes melhorias em vários domínios da vida, e não apenas uma maior capacidade económica".
A saúde mental é apontada no relatório realizado a pedido da ONU como um dos factores prioritários a apoiar, mesmo nos países desenvolvidos. “As pessoas podem estar infelizes por muitas razões, desde a pobreza ao desemprego ou a crise familiares e doenças físicas”, sublinha o documento. “Se queremos um mundo mais feliz, precisamos de um novo acordo sobre a saúde mental”, reforça.»
Via Público. Mais informações aqui.
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