«Quase dois meses depois de ter comparado Israel com as ditaduras, o escritor Günter Grass voltou a publicar um poema no jornal alemão Süddeutsche Zeitung, desta vez a criticar a política da Europa em relação à Grécia, lamentando que esta, por estar a enfrentar uma crise económica, esteja a ser humilhada.
“A Vergonha da Europa”, assim intitulou o seu poema o escritor alemão, que não se conteve nas críticas à atitude da chanceler alemã Angela Merkel, que defende que a austeridade é a única forma de a Grécia suplantar a crise que atravessa. O Nobel da Literatura lembrou ainda a história da Grécia, a quem a Europa muito deve. “Tu vais definhar privada de alma sem o país que te concebeu, tu, Europa”, escreveu Günter Grass, num poema com 12 estrofes de dois versos cada.
O escritor, de 84 anos, vai ainda mais longe e num diálogo directo com a Europa, evidencia que é graças à riqueza histórica da Grécia, conhecida como fundadora do pensamento europeu, que muitos museus vivem. “Tu afastas-te do país que foi o teu berço, próximo do caos, porque não conforme aos mercados”, escreve Grass, acrescentando que a Grécia, que está a ser “condenada à pobreza, cujas riquezas ornamentam os museus”, é “agora mal tolerada”. “Humilhado, porque crivado de dívidas, um país sofre.”
Numa referência directa à história grega, Günter Grass termina o poema escrevendo que a Europa está a obrigar a Grécia a beber de um copo envenenado, tal como aconteceu com o filósofo grego Sócrates, depois de ter sido condenado à morte.
O poema não passou despercebido e está já a gerar controvérsia na Alemanha. Para Günther Krichbaum, presidente da comissão de assuntos europeus do Bundestag (Parlamento alemão), as palavras de Günter Grass ignoram a realidade. “Particularmente a realidade de que a Grécia foi enormemente ajudada com enormes esforços que, no fim, não vêm dos estados mas sim dos cidadãos e das suas carteiras”, disse ao The Independent o alemão, do partido de Merkel.
Em Abril, Günther Grass foi considerado “persona non grata” em pelo governo israelita, depois de ter publicado um poema no qual advertia que o Estado judaico era uma ameaça para o mundo devido ao seu poder nuclear.»
Ler no Público.
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