sábado, 13 de Abril de 2013

Opinião: Está a Fazer-se Cada Vez Mais Tarde (Antonio Tabucchi)


Título Está a Fazer-se Cada Vez Mais Tarde
Autor Antonio Tabucchi
Edição BIS
Título Original Si sta facendo sempre più tardi
Tradução Gaëtan Martins de Oliveira
Género Romance
Páginas 256 | PVP 7,50 €
Ano 2012 | Original 2001
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SINOPSE
Com este romance epistolar, Tabucchi renova uma ilustre tradição narrativa, subvertendo muito embora os códigos e pervertendo o género. Com efeito, apercebemo-nos progressivamente de que alguma coisa «não bate certo» nestas missivas: a paisagem parece resvalar sob os nossos olhos, os destinatários parecem errados, os remetentes desapareceram e os tempos inverteram-se, como se o antes e o depois tivessem trocado de posição e as cartas se antecipassem ou se atrasassem relativamente à própria mensagem que transmitem; como se os destinos dos homens, como manda o Mito, continuassem desencontrados, como se as palavras se perdessem no ar e as pessoas se extraviassem no labirinto das suas curtas existências. Como se a vida fosse um filme perfeito e impecável em que só a montagem falhou.

SOBRE O AUTOR
Escritor italiano nascido em 1943, Antonio Tabucchi foi professor de Língua e Literatura Portuguesa na Universidade de Génova, director do Instituto Italiano de Cultura em Lisboa e dedicou-se ao estudo da figura de Fernando Pessoa, produzindo ensaios sobre o autor e traduções de obras suas. Faleceu em 2012, sendo na altura considerado «o mais português dos escritores estrangeiros».

OPINIÃO
Não é fácil descrever, quanto muito avaliar, uma obra como Está a Fazer-se Cada Vez Mais Tarde. Constituída por dezoito cartas de realidades aparentemente independentes e um breve post scriptum no qual o autor descreve o que o levou a escrevê-las, é, na sua essência, um trabalho introspectivo, uma espécie de ensaio sobre emotividade tendo sempre o amor como personagem central.

De facto, todas as cartas são, de uma ou outra forma, cartas de amor. Por vezes contam histórias de ódio, outras vezes de saudade, mas sempre derivando de questões amorosas. Passam-se um pouco por toda a Europa, Portugal incluído, ou não tivesse Antonio Tabucchi sido em vida considerado o «mais português dos escritores estrangeiros», podendo por isso ser lidas de modo independente, como se se tratassem de pequenos contos e o livro fosse uma simples antologia romântica. Para além de experimentar com a estrutura, Tabucchi joga com o estilo, não de uma forma extrema como, por exemplo, Raymond Queneau, mas de um modo subtil, variando no formato linguístico e nas analogias consoante a personagem que escreve.

Mais por relevância que por preferência pessoal, serão talvez de destacar uma pequena carta intitulada «Estranha Forma de Vida», marcadamente nostálgica e representativa da envolvência global da obra, e «Está a Fazer-se Cada Vez Mais Tarde», uma carta dentro de outra carta que encerra o compêndio e onde se nota uma certa intenção de unir o que veio antes.

Pode, ainda assim, ser difícil para alguns leitores ignorar a desconexão entre as várias histórias, razão pela qual as deverão mesmo preferir ler como contos. Seja como for, é um livro com uma beleza bastante particular e uma interessante sobriedade artística.

Texto: Tiago Matos

Artigo publicado na edição #20 da Revista 21

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