Detinha Avelino: Realizando Fantasias
Estava num dos meus empregos e surpreendi-me com um jovem que me olhava fascinado. Era alto, um pouco gordo e com a cara já marcada por um ralo bigode. Sorri. A compreensão do que passava pela cabeça do jovem fez-me voltar ao tempo da minha adolescência, quando pensava que ser virgem aos 18 era uma desgraça. Atendi-o. Queria comprar uma bebida alcoólica. Por mais que estivesse envaidecida pela sua aparente apreciação, não era irresponsável ao ponto de vender álcool a menores de 16, por isso perguntei-lhe a idade. Ele fazia 18 anos exactamente naquele dia. Vendi-lhe o vinho, agradeci e vi que, apesar de muito envergonhado, ele rabiscou algo na factura. Era um número de telemóvel e um nome: Miguel.
Algumas coisas não necessitam de palavras e entendi perfeitamente que Miguel me queria a mim como prenda de aniversário. Saí do trabalho por volta das 22 horas, a cabeça a dar voltas. Sexo com um jovem de 18 era crime? Decidi ligar-lhe apenas para confirmar o que ele queria. Ele vivia perto. Tinha a ideia de o ouvir, rir um pouco, aconselhar - como é de minha natureza - e despedir-me.
Ele chegou, entrou no meu carro e, num jeito tímido, disse-me boa noite. Perguntei-lhe onde estava ele com a cabeça ao pensar que lhe ligaria e ele respondeu que sentiu que eu deveria ser a sua primeira mulher.
Completamente desarmada, fiquei alguns minutos calada. Primeira mulher! Era algo de muita responsabilidade, mas estaria eu a fazer algo errado? Conversei com ele e alertei-o para o facto de não estar disponível para nada mais que uma noite.
Fomos para a minha casa. Tomei um duche enquanto ele via televisão. Ficámos algum tempo a conversar e depois, calmamente, ensinei-lhe o que havia aprendido ao longo dos anos. Mostrei-lhe como ser carinhoso, o que dava mais prazer a uma mulher e o que lhe causaria desagrado. Ele foi um aluno fantástico. Pela manhã, entreguei-o em casa, pedi-lhe que fosse feliz e que, por favor, não me enviasse nenhum amigo. Ele riu e disse que jamais compartilharia a experiência com amigo algum, não queria que eles aprendessem o que ele sabia. Semanas depois, retornou ao meu trabalho para me apresentar uma namorada. Disse que o que eu lhe ensinei estava a ser muito útil, agradeceu-me e pediu um último conselho:
«Quando posso apaixonar-me?»
«SEMPRE!», disse-lhe a sorrir.
Por: Detinha Avelino
Detinha Avelino é uma escritora brasileira, residente em Lisboa. É autora dos livros eróticos «Seduzca Me» e «Pequeña Y Rara», escritos em espanhol, assim como de «Filha do Destino», sobre o qual pode encontrar mais informações aqui.
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