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Detinha Avelino: Ao Calor da Paixão


Cumpro um ritual que faço todos os anos: passar férias no Brasil. Estou há uns dias numa cidade chamada Vitória, no Espírito Santo, e aqui tem praias incríveis. Ainda que a água não seja tão limpa quanto a do Portinho da Arrábida, aqui ela é quente e a areia muito branca e fina.

Fintei a vigilância dos parentes e fui sozinha para a praia de Camburi. Em dias de semana a praia não é muito frequentada, por isso estava mais à vontade. Queria muito arrancar o biquíni, mas aqui o topless é proibido e o nudismo só em praias muito específicas. Vou ter de me conformar com as marcas brancas no bronzeado. Deitei-me ao sol com um bom livro à mão, pois queria aproveitar o sossego para fazer algo que faço sempre que estou sozinha: fantasiar. Sei que é um costume infantil, ou talvez possa ser snobe e chamá-lo de veia artística, mas sempre que estou só imagino as mais improváveis situações. Algo como o vento levar-me ou ser comida por pássaros enquanto durmo. Certo é que, apesar da imaginativa, não estava preparada para o que se seguiu. Fui abordada por dois jovens que pediram permissão para se sentarem ao meu lado.

Por experiência sabia eu aquela música de cor e, pasmem, não estava interessada. Vi que a alguns metros estava um pescador solitário e inventei para os dois jovens que aquele era o meu marido, por sinal muito ciumento. Os dois ficaram desconfiados, afastaram-se um pouco mas não foram embora. Senti-me bastante incomodada, pois já não sabia se era um engate ou se me queriam assaltar. Tantos anos fora do Brasil fizeram com que eu encare situações como esta com desconfiança.

Perturbada pela proximidade dos homens e constatando que o meu suposto marido já se preparava para ir embora, levantei-me e fui ter com ele. Era um homem com cerca de 40 anos, moreno e de porte atlético. Sem mais, chamei-o de «amor» e disse-lhe que também já estava pronta para ir. Passado um segundo de surpresa, ele reparou nos dois jovens que acompanhavam atentamente o que falávamos.

Fiquei com a respiração suspensa enquanto o pescador media com os olhos todo o meu corpo. Não esperava algo assim tão descarado, mas estava entre a espada e a parede. Terminada a avaliação, penso que fui aprovada, pois colocou o braço nos meus ombros e levou-me consigo. Caminhámos uns 100 metros e eu lá expliquei ao pescador, de nome Roberto, o motivo de o ter abordado. Parámos numa barraca, bebemos uma cerveja e ele disse que tinha sido um prazer ajudar. Notei que ele olhava para o relógio, por isso encurtei a conversa, agradeci e dirigi-me à paragem de autocarros. Sozinha vi que os dois rapazes tinham acompanhado tudo à distância e dirigiam-se uma vez mais a mim. Ninguém merece! Já estava a antever ficar sem a minha mala, o dinheiro e nem sei o que mais poderia perder, quando o Roberto parou ao pé de mim num carro luxuoso, oferecendo-me boleia. Claro que numa situação normal não aceitaria, mas estava realmente assustada com os jovens a dizerem obscenidades. Saímos dali juntos e ele explicou que tinha uma reunião dali a uma hora, pelo que tinha de passar em casa antes de me deixar na minha. Pronto, estava outra vez enrascada. Analisei a situação e decidi confiar nos meus instintos. O Roberto parecia muito sério, até um pouco taciturno. Rico, certamente, a julgar pelo carro, as roupas e o telemóvel. Um homem assim não precisaria de forçar alguém a nada. Havia decerto centenas de mulheres a tentar estar onde eu estava.

Chegámos a casa dele e fui apresentada à governanta, que me serviu um sumo enquanto esperava que ele tomasse um duche. Ele sugeriu, porém, que eu também me banhasse, disse que tinha adiado a reunião para duas horas depois e já havia tempo. Aceitei porque odiava estar suada. Saindo do duche, encontrei-o a oferecer-me a toalha que eu não levara. Ficámos alguns segundos a observar-nos. A nossa química era incrível. Há tempos não sentia algo assim. Acabámos por estar duas horas juntos. Falámo-nos pouco, fizemos tudo.

Depois deixou-me em casa, sã e salva. Disse que tinha muita pressa e pediu-me o meu contacto. Expliquei que ali não tinha telemóvel e ele deixou comigo um cartão, insistindo que o contactasse mais tarde pois queria falar-me com mais tempo.

Sorri, agradeci e, logo que vi o carro longe, rasguei o cartão e deitei-o fora. Percorri os vários quarteirões que faltavam para a casa da minha irmã a pensar que era uma pena que homens assim, educados e e charmosos, só aparecessem quando uma mulher já está mesmo ocupada.

Por: Detinha Avelino
Detinha Avelino é uma escritora brasileira, residente em Lisboa. É autora dos livros eróticos «Seduzca Me» e «Pequeña Y Rara», escritos em espanhol, assim como de «Filha do Destino», sobre o qual pode encontrar mais informações aqui.

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Detinha Avelino: Ao Calor da Paixão Reviewed by Revista 21 on 00:30 Rating: 5

4 comentários:

  1. Anónimo13 de fevereiro de 2013 às 19:02

    Gostei, pois é uma historia tão detalhada que até parecia real.
    Beijinhos Dentinha
    E bom regresso
    H.D.

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  2. Anónimo26 de fevereiro de 2013 às 14:23

    gostei muito, parece tao real que me vi acampanhando tudo de pertinho ....... mais cronica e cronica ne minha irma e eu sou a irma de vitoria espirito santo - brasil sucesso minha irma voce e tem futuro.

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  3. Anónimo26 de fevereiro de 2013 às 15:40

    Muy buen relato, bien hecho, te felicito mi amor....hace tiempo que no sé nada de ti.
    Besitos.
    Mario (desde Alemania)

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  4. Anónimo4 de março de 2013 às 18:30

    muito bom, gostei !!!!

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