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Opinião 21: Tomb Raider


Lara Croft está de volta com um reboot assombroso, capaz de deixar tanto os seus maiores fãs como os jogadores casuais novamente perdidos de amor.

Texto: Tiago Matos

Que se acuse quem nunca apanhou uma desilusão ao experimentar um remake, reboot ou sequela de um videojogo clássico. Pois é, a gritante falta de ideias de alguns estúdios e a facilidade em fazer dinheiro através de um nome forte têm apresentado ao mundo trabalhos verdadeiramente deploráveis ou que, na melhor das hipóteses, têm muito pouco a ver com a série a que pertencem. Alguém se lembra de Final Fight: Streetwise? Bomberman: Act Zero? Space Raiders? Felizmente há excepções. E muito, muito raramente uma ressurreição capaz de ultrapassar o original que lhe dá nome. É o caso deste novo Tomb Raider.

OK, vamos fazer uma pequena pausa para que os fãs mais puristas do clássico de 1996, um dos mais elogiados e influentes trabalhos de sempre na História dos videojogos, se possam recompor. «Como é que aquele gajo tem a lata de dizer que um jogo que saiu no mês passado é melhor que o da nossa querida Lara original? Já não sofremos nós o suficiente com os filmes da Angelina Jolie?», ouço-os dizer. Mas calma. Eu explico.

Tomb Raider é o aguardado retorno da nossa exploradora preferida em forma de reboot. Lara Croft é aqui uma jovem e ambiciosa arqueóloga que faz parte de uma expedição conduzida pelo Dr. James Whitman a fim de descobrir o reino perdido de Yamatai, algures na costa do Japão. No caminho para lá, uma grande tempestade atinge o navio onde segue, levando-a e à sua equipa a naufragar. Lara acorda algum tempo depois, sozinha numa caverna, rodeada de esqueletos, velas e restos de sacrifícios. A sua primeira tarefa é naturalmente sair de lá.

Isto é apenas a ponta do icebergue. A história evolui de forma credível e natural, de descoberta a descoberta, alicerçada num fantástico trabalho de desenvolvimento dos personagens e motivada, como é evidente, pela necessidade de sobreviver. Lara Croft é particularmente cativante, graças não só a um excelente trabalho vocal da estreante Camilla Luddington (a quem auguramos um grande futuro) mas ao facto de a terem tornado finalmente uma personagem mais humana. Em nome da credibilidade, desapareceu a exploradora sem medos ou defeitos e nasceu uma Lara que apenas faz o que faz para poder sobreviver e proteger as pessoas que ama. A coisa resulta, já que nos permite identificar a um nível íntimo com a protagonista. E sempre que nos vemos forçados a matar um homem (ou um animal), partilhamos o seu desconforto.

Mantém-se, portanto, no enredo o essencial que fez da série um sucesso, mas longe vai o tempo dos píxeis que também sempre foram uma das suas imagens de marca. Os gráficos são, aliás, um dos pontos mais fortes deste jogo, e nem há que ter por base apenas os magníficos cenários (ainda que haja, a esse nível, cenas verdadeiramente notáveis, como quando Lara sobe a uma torre gigantesca para estabelecer um ponto de comunicação e observa, por alguns segundos, a natureza a seu redor), mas os próprios modelos dos personagens, que também são extremamente realistas e bem conseguidos. Sem margem para dúvidas, esta é a Lara mais atraente de sempre. E sim, a contar com o Nude Raider.

Outro aspecto importante é a desenvoltura da câmara. Em jogos antigos, acompanhávamos essencialmente as costas da Lara Croft, o que, não sendo de todo mau, era por vezes limitador. Mas agora a câmara acompanha todos os ângulos da acção, resultando numa experiência incomparavelmente mais fluida.

Veracidade, ritmo, intensidade. Tudo isto faz com que sintamos que, mais que a jogar um jogo, estamos a ver um filme. Ou a jogar um filme. E um bom filme, um daqueles que dá realmente gosto de acompanhar, ao ponto de nos ser complicado afastar do ecrã.

Claro que tudo isto poderia cair em saco roto se não se lhe acompanhasse uma jogabilidade a condizer, mas felizmente não é o caso. Os comandos são bastante intuitivos e fáceis de assimilar, mesmo compreendendo uma grande complexidade de acções. Os movimentos, por sua vez, são muito convincentes, deles se destacando o sistema de instinto, essencial para que possamos perceber onde se escondem os inimigos, os animais que podemos comer e os objectos com que somos capazes de interagir. O acesso ao nosso menu especial de customização faz-se através de fogueiras que vamos encontrando, e nele podemos aprender novas capacidades ou melhorar as armas que possuímos.

Tal como não é essencial que evoluamos ao máximo as nossas capacidades, também não é necessário completar todos os desafios do jogo para o terminar. Mas é aconselhável. Nem que seja para o poder experimentar algum tempo mais. No decorrer da acção vamos encontrando diários, artefactos e sepulturas secretas que formam dezenas de «colecções» que podemos ou não completar. Através das fogueiras é ainda possível aceder a cenários anteriores, a fim de perceber o que nos escapou e lá retornar para o descobrir.

Uma breve referência ao som, porque não é só Camilla Luddington que faz um excelente trabalho. Os diálogos estão, na generalidade, muito bem conseguidos, a banda sonora é sinistra e envolvente, e os «pequenos» efeitos (caminhar sobre os vários tipos de solo, os ruídos dos animais, os vasos que rolam e partem perante o nosso toque) servem na perfeição à autenticidade da história.

Para além da campanha individual, que sem dúvida constitui o núcleo do jogo, existe ainda um modo on-line de multijogador, que coloca em campos opostos duas equipas que se procuram eliminar. Não retirando mérito à iniciativa, a verdade é que parece ficar a perder em envolvência perante a espectacularidade do modo individual, pelo que não o devem ter como factor decisivo na compra do jogo.

Dito isto, comprem o jogo. Sai daqui altamente recomendado, e antevê-se que tenham na sua experiência uma muito agradável surpresa tanto os tais fãs mais puristas da saga como os jogadores casuais que nunca a experimentaram e apenas procuram um bom jogo de aventura para se entreterem. Reafirmando a crença inicial de que o novo Tomb Raider ultrapassa em qualidade todos os seus antecessores, vou mesmo mais longe e considero-o não apenas o melhor jogo do ano até à data como um dos melhores títulos dos últimos anos, claro candidato a melhor reboot de sempre. O difícil vai mesmo ser fazer melhor na sequela.


TOMB RAIDER
Para: Playstation 3, Xbox 360 e PC

GRÁFICOS: 10
Impressionantes. Detalhados e realistas como em poucos jogos. O dinamismo da câmara faz com que sintamos que fazemos parte de um filme.

SOM: 10
Excelente. Camilla Luddington é perfeita no papel de Lara Croft, mas a banda sonora e os restantes efeitos também são muito dignos de elogio.

JOGABILIDADE: 10
Impecável. Fluida e, apesar de diversa nos movimentos, bastante fácil de assimilar, como todos os jogos ambicionam.

INOVAÇÃO: 9
Enorme. Várias mudanças na mecânica de jogo, mas particularmente na forma como é conduzida a história e como é reapresentada Lara Croft.

REPLAY: 8
Algum. A campanha individual, para além de extensa, inclui uma série de desafios e missões extra. Adicionalmente, existe um modo on-line de multiplayer.


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Opinião 21: Tomb Raider Reviewed by Revista 21 on 01:00 Rating: 5

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