Opinião: A Fera Tem de Morrer (Nicholas Blake)

«Vou matar um homem. Não sei o seu nome, não sei onde vive, não tenho ideia de com quem ele se parece. Mas vou descobri-lo e matá-lo...». É com este fantástico parágrafo que abre A Fera Tem de Morrer, um clássico injustamente esquecido da literatura policial, escrito por Nicholas Blake, pseudónimo do irlandês Cecil Day-Lewis, pai do actor Daniel Day-Lewis.

A primeira metade do livro chega-nos sob a forma de um diário pessoal, no qual, em jeito de desabafo, o escritor Frank Cairnes relata a intenção de encontrar e matar o assassino do seu filho. É esta a premissa que reúne a história e eventualmente nos transporta para a segunda metade, na qual o protagonista é o detective Nigel Strangeways, que investiga um estranho homicídio.

É impossível revelar muito mais sem estragar as várias surpresas que Nicholas Blake preparou, mas garante-se que A Fera tem de Morrer é um excelente exemplo de policial clássico. A envolvência da primeira parte faz-nos realmente identificar com um potencial assassino e, como mandam as regras, a intriga mantém-nos alerta até à última página.

Em Portugal, A Fera tem de Morrer apenas está disponível como livro de bolso, editado em 1988 na saudosa Colecção Vampiro. Se as letras são pequenas e a ortografia «arcaica», o preço, por sua vez, é extremamente convidativo. Por isso, se gosta de policiais, aproveite e não deixe de ler esta pequena obra-prima.

Texto: Tiago Matos

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